segunda-feira, 3 de junho de 2024

Análise da temporada: Ajax

Brian Brobbey fez seus gols, alguns jogadores fizeram papel razoável... mas a reação do Ajax teve teto. Se a queda foi amenizada ao longo da temporada, o clube foi coadjuvante incomum e conviveu com a crise (ProShots/Icon Sport/Getty Images)

Colocação final: 5º lugar, com 56 pontos (15 vitórias, 11 empates e 8 derrotas)
No turno havia sido: 5º lugar, com 25 pontos
Time-base: Ramaj; Rensch (Gaaei), Sutalo, Kaplan (Sosa) e Hato; Mannsverk (Henderson) e Tahirovic; Bergwijn (Berghuis/Akpom), Hlynsson (Van den Boomen) e Taylor; Brobbey
Técnico: Maurice Steijn (até a 9ª rodada), Hedwiges Maduro (interino, na 10ª rodada), John van't Schip (a partir do jogo atrasado da 3ª rodada) e Michael Valkanis (apenas na 16ª rodada, por motivos particulares de John van't Schip)
Maior vitória: Ajax 5x0 Vitesse (13ª rodada)
Maior derrota: Feyenoord 6x0 Ajax (29ª rodada)
Principal jogador: Brian Brobbey (atacante)
Artilheiro: Brian Brobbey (atacante), com 18 gols
Quem deu mais passes para gol: Steven Berghuis (meio-campista) e Brian Brobbey (atacante), ambos com 8 passes
Quem mais partidas jogou: Kenneth Taylor (meio-campista), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado pelo USV Hercules (terceira divisão), na segunda fase
Competições continentais: Liga Europa (eliminado na fase de grupos) e Conference League (eliminado pelo Aston Villa-ING, nas oitavas de final)

No começo da temporada, foi o que se sabia: um Ajax tão desalentado, tão desorientado - dentro e fora de campo -, numa crise tão profunda que ocupar a lanterna da Eredivisie (ao ser goleado pelo PSV, por 5 a 2, na 10ª rodada) parecia um pesadelo irreal. E, no entanto, era a realidade nua e crua que os Ajacieden viviam, com os planejamentos para a temporada se esboroando na falta de acerto entre o diretor de futebol Sven Mislintat e o técnico Maurice Steijn, ambos rapidamente demitidos. Ainda no primeiro turno, John van't Schip (que viria para ser uma espécie de conselheiro técnico) aceitou socorrer a equipe em campo, alguns resultados positivos - oito jogos sem derrota pela Eredivisie, com seis vitórias - levaram os Amsterdammers direto para a quinta posição da liga. De quebra, se a fase de grupos da Liga Europa foi demais contra Brighton-ING e Olympique de Marselha-FRA, pelo menos haveria a segunda fase da Conference League como uma "segunda chance" em competições europeias. E alguns jogadores mostravam talento, mesmo em meio a uma fossa abissal na história do Ajax: o goleiro alemão Diant Ramaj estabilizava os problemas no gol, Jorrel Hato mostrava talento e técnica promissoras na zaga - onde o turco Ahmetcan Kaplan, enfim, conseguia sequência de jogo após duas graves lesões no joelho -, Brian Brobbey mostrava evolução no que era seu ponto fraco (finalização), mesmo ainda oscilando. De quebra, descontente na Arábia Saudita, Jordan Henderson achou em Amsterdã um lugar confiável para voltar a jogar no futebol europeu - e sua experiência poderia valer para ajudar o Ajax. A temporada teria uma reação inesquecível para apagar o início terrível? A segunda metade da temporada respondeu: não, não teria. 

O primeiro jogo de 2024 foi considerado pela própria torcida como "enganoso": mesmo vencendo o Go Ahead Eagles (3 a 2, 17ª rodada da Eredivisie), o goleiro Ramaj evitou vários gols dos Eagles. Depois, uma sequência sem vitórias entre a 20ª e a 23ª rodadas (três empates e uma derrota) deixou claro que o nível técnico do Ajax tinha um "teto". A própria classificação para as oitavas de final da Conference League teve algo de incrível: perdendo por 2 a 0 na ida para o Bodo/Glimt-NOR, buscou o empate em casa, e venceu por 2 a 1 na volta, fora de casa e com um a menos. Ainda assim, o Ajax não decolava. Certos nomes, até cruelmente, acabavam virando bodes expiatórios - caso do lateral direito Anton Gaaei, que falhou tanto nos 4 a 0 sofridos para o Feyenoord em casa, ainda no turno, quanto nos 2 a 0 sofridos para o AZ (23ª rodada). A eliminação para o Aston Villa, na Conference League, foi até previsível. Se alguns nomes cresciam de produção aqui e ali - como Sivert Mannsverk e Kenneth Taylor, no meio-campo -, se Brobbey conseguia fazer 18 gols mesmo na má fase, Jordan Henderson e Steven Berghuis sofriam com lesões, sem conseguir dar a colaboração que se esperava. A mudança para um esquema com três zagueiros não tornava a equipe nem um pouco mais firme na defesa. Mesmo em casa, os Ajacieden falhavam contra times menores (ficaram no 2 a 2 com o Fortuna Sittard, na 25ª rodada, e no 1 a 1 com o Go Ahead Eagles, na 28ª rodada). Mas nenhum golpe foi pior do que tomar inapeláveis 6 a 0 do arquirrival Feyenoord - nunca o Ajax ficara uma temporada sem marcar gols no time de Roterdã, e desde 1964 não tomava tantos gols na Eredivisie. O empate em 2 a 2, com o Vitesse, na última rodada, foi uma melancólica mostra de como esta temporada foi inesquecível para o Ajax. Inesquecível pelos motivos errados, bem entendido. Novo técnico, o italiano Francesco Farioli terá muito trabalho.

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