segunda-feira, 3 de junho de 2024

Análise da temporada: repetitivo?

O PSV dominou o Campeonato Holandês 2023/24 de maneira tão inquestionável que pode apontar uma Eredivisie repetitiva. Nem tanto, pela oscilação de algumas forças (ProShots/Icon Sport/Getty Images)

Há algumas semanas, o ex-jogador de beisebol Robert Eenhoorn - de saída da diretoria geral do AZ - desabafou à revista Voetbal International sobre os aspectos em que o Campeonato Holandês poderia melhorar: "Uma liga forte depende, de fato, de duas coisas: como você divide o dinheiro? E como você protege os jogadores jovens? Nada mais. Se você protege menos as revelações e divide o dinheiro de maneira mais concentrada, nem preciso explicar que a competição se torna mais previsível. E se continua assim, não só [a liga] se torna menos interessante, mas também fica pior para conseguir pontos no coeficiente". Ao se olhar como terminou o Campeonato Holandês desta temporada 2023/24, nota-se que Eenhoorn tem lá sua razão. Mas que ela não é completa.

A razão é notável quando se vê que o PSV foi campeão de uma maneira dominante como poucas vezes o futebol do Reino dos Países Baixos viu. Por pouco, muito pouco, o clube de Eindhoven não se tornou, em termos estatísticos, o melhor campeão que a Eredivisie já viu. O domínio foi tão grande que nem mesmo as boas campanhas de quem veio logo atrás - Feyenoord e Twente, por exemplo - foram suficientes para  perturbar a caminhada dos Eindhovenaren rumo ao 25º título holandês de sua história. Então, de fato, seria possível apontar que a divisão do dinheiro está criando uma elite quase insuperável por lá. Já é tema de debates crescentes entre os clubes: o dinheiro dos direitos de transmissão de televisão do Campeonato Holandês, por exemplo, não tem nenhum critério de igualdade numa porcentagem, com a quantidade sendo apenas definida pelos resultados de cada clube nas últimas dez temporadas. E a persistência da venda dos direitos locais para a ESPN, pelos próximos cinco anos, mesmo com uma proposta de operadoras de tevê a cabo considerada mais lucrativa para os clubes, foi alvo de críticas.

Contudo, de nada adiantaria dinheiro sem organização. Aí entrou um certo equilíbrio, que tornou esta Eredivisie menos repetitiva do que poderia ser. Que o diga o Ajax, que viveu sua temporada mais problemática em algum tempo, mergulhando numa crise que parece só ter solução a médio prazo. E isso abriu uma lacuna para clubes do chamado "sub-topo" sonharem de um jeito mais concreto com participação em torneios europeus. Mais do que isso: a lacuna foi aproveitada inesperadamente por um "penetra", o Go Ahead Eagles, que normalmente fica na metade inferior da tabela (ora mais tranquilo, ora tentando escapar das últimas posições). Mais ainda: clubes que um dia sonharam até com o título viram a realidade se impor à megalomania. E se impor de um jeito cruel. Que o diga o Vitesse. Há onze anos, na temporada 2012/13, chegou a aspirar ao título; agora, rebaixado, luta pela própria sobrevivência profissional.

Então, o Campeonato Holandês teve certa previsibilidade, sim. Os clubes perderam alguma força - até em termos de competições europeias, tiveram uma temporada menos inspirada do que em 2022/23. Mas a Eredivisie não foi repetitiva, ainda que nivelada por baixo. Hora de avaliar como foram os 18 clubes:

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