terça-feira, 25 de junho de 2024

As fragilidades apareceram

A Áustria era considerada capaz de vencer a Holanda (Países Baixos). E fez isso em grande estilo, deixando claras as fragilidades da Laranja e reforçando as dúvidas sobre ela (Julian Finney/Getty Images)

Até que a seleção da Holanda (Países Baixos) conseguiu controlar suas fragilidades inegáveis nos seus primeiros jogos nesta Euro 2024. Teve ataque e vontade para conseguir a virada sobre a Polônia, até conseguiu conter a França no 0 a 0 da sexta-feira passada... e já classificada, quis experimentar alguns jeitos de jogar (e alguns jogadores) contra a Áustria, no último jogo desta fase de grupos. Deu totalmente errado. Tudo que o time austríaco poderia fazer para surpreender, fez. Tudo em que a Laranja poderia errar, errou. E a derrota por 3 a 2, além de fazer a Oranje entrar por baixo nas oitavas de final - como terceira colocada do grupo D -, não só deixou claras as limitações que a equipe tem, como deixa sérias dúvidas se o caminho holandês na Euro passará das oitavas de final.

Com a vaga nas oitavas assegurada mesmo sem jogar, pela derrota da Albânia e o empate da Croácia (impedindo que alguém pudesse tirá-la dos melhores terceiros colocados), até valia a pena fazer experiências. E Ronald Koeman quis fazê-las, colocando Lutsharel Geertruida como lateral direito, devolvendo Joey Veerman aos titulares e dando a chance a Donyell Malen na ponta direita. Não demorou muito para se notar que elas deram errado, porque a Áustria fez o que deseja: dominar a posse de bola e pressionar desde o começo. Teve espaço para isso, principalmente na direita, em que Malen deixou espaços - e Geertruida ficou demais na área, junto aos zagueiros. Assim surgiu a lacuna que Patrick Wimmer quase aproveitou no primeiro minuto (cruzamento, e a bola passou por Marko Arnautovic). Assim surgiu o primeiro gol austríaco: Alexander Prass teve espaço pela esquerda com a bola, avançou, cruzou livre, e Malen foi desastroso ao tentar defender, dando um "carrinho" que mandou a bola para as redes, no gol contra.

Pior foi ver que, ao contrário da estreia contra a Polônia, a Holanda não reagiu. Seguiu lenta, sem a bola, constantemente superada. Apenas um jogador tinha atuação "perdoável": Tijjani Reijnders, que participou das únicas duas jogadas laranjas de perigo na primeira etapa (aos 14', chutou para fora após tabelar com Cody Gakpo; aos 23', lançou Malen, que perdeu gol, livre na área, finalizando torto). Bem mais intensa, bem mais ofensiva, a Áustria sempre ganhava as divididas. E voltava a aparecer com chutes a gol. Aos 30', Florian Grillitsch tentou num voleio, defendido por Bart Verbruggen - que salvou depois, aos 38', em sequência, um chute de Marcel Sabitzer e uma tentativa de Arnautovic. Àquela altura, uma "vítima" já tinha sido feita na Laranja: Joey Veerman, inapetente na criação de jogadas, sem velocidade alguma na ajuda à marcação, foi substituído já aos 34', por Xavi Simons. Até se lamentou, mas o meio-campista da camisa 16, de fato, não podia ser muito defendido.

Entre tantas atuações ruins dos Países Baixos, num primeiro tempo desastroso, Veerman foi a principal vítima (Koen van Weel/ANP/Getty Images)

Até porque, pelo menos, no primeiro minuto do segundo tempo, Xavi Simons colaborou para o empate, acelerando contra-ataque bem finalizado por Cody Gakpo (que até melhorou, nos raros bons momentos holandeses). O problema veio na lentidão da defesa holandesa, que seguiu ao longo dos 90 minutos. A começar pelo segundo gol da Áustria, aos 59', em que Grillitsch teve liberdade para alcançar a bola na linha de fundo, cruzar, e ver Romano Schmid chegar livre para cabecear e fazer o 2 a 1. Restou ao selecionado dos Países Baixos tentar o "abafa", com as entradas de Micky van de Ven, Georginio Wijnaldum (que, novamente, também não colaborou muito) e... Wout Weghorst. Que não fez gol, mas ajudou no 2 a 2, aos 75', ajeitando de cabeça a bola para Memphis Depay completar - sem tocar a bola com a mão, como o VAR fez o juiz eslovaco Ivan Kruzliak notar. Com o empate entre França e Polônia, ter o empate que a manteria com a primeira posição do grupo D não seria nada mal para a Laranja.

Todavia, mesmo que merecimento seja algo muito relativo no futebol, se um time impressionava positivamente em campo, era a Áustria. Que assimilou o golpe do empate do melhor jeito possível: marcando o gol. E logo aos 80', com Sabitzer (talvez o melhor do jogo) deixando claro como a Holanda foi frágil na defesa: após o goleiro Patrick Pentz cobrar o tiro de meta, o meio-campo austríaco dominou, avançou com a bola, tabelou com Christoph Baumgartner, foi deixado livre por Virgil van Dijk (irreconhecível na zaga), e chutou quase sem ângulo para fazer o 3 a 2 da derrota holandesa.

Derrota que deixou muito claras as fragilidades da Holanda. Ou elas são protegidas de novo, ou é bem provável que o seu caminho na Eurocopa acabe contra o vencedor do grupo C ou do grupo E, já daqui a alguns dias. A confiança que nunca existiu por completo diminuiu ainda mais.

UEFA Euro 2024 - fase de grupos - Grupo D

Holanda 2x3 Áustria
Local: Estádio Olímpico (Berlim)
Data: 25 de junho de 2024
Árbitro: Ivan Kruzliak (Eslováquia)
Gols: Donyell Malen (contra), aos 6', Cody Gakpo, aos 47', Romano Schmid, aos 59', Memphis Depay, aos 75', e Marcel Sabitzer, aos 80'

HOLANDA
Bart Verbruggen; Lutsharel Geertruida, Stefan de Vrij, Virgil van Dijk e Nathan Aké (Micky van de Ven, aos 66'); Jerdy Schouten e Tijjani Reijnders (Georginio Wijnaldum, aos 66'); Donyell Malen (Wout Weghorst, aos 72'), Joey Veerman (Xavi Simons, aos 35') e Cody Gakpo; Memphis Depay. Técnico: Ronald Koeman

ÁUSTRIA
Patrick Pentz; Stefan Posch, Max Wöber, Philipp Lienhart (Leopold Querfeld, aos 62') e Alexander Prass; Nicolas Seiwald e Florian Grillitsch (Konrad Laimer, aos 62'); Patrick Wimmer (Christoph Baumgartner, aos 62'), Marcel Sabitzer e Romano Schmid (Andreas Weimann, aos 90' + 2); Marko Arnautovic (Michael Gregoritsch, aos 78'). Técnico: Ralf Rangnick

Nenhum comentário:

Postar um comentário