segunda-feira, 3 de junho de 2024

Análise da temporada: Vitesse

O técnico Edward Sturing tentou, os jogadores também, mas o Vitesse caiu. Pior: o Vitesse corre risco de ser extinto. E a torcida está se mobilizando para que a derrota não seja definitiva (Getty Images)

Colocação final: 18º lugar, com 6 pontos (6 vitórias, 6 empates e 22 derrotas - punido pela federação com a perda de 18 pontos, em razão de dívidas) - rebaixado diretamente
No turno havia sido: 18º lugar, com 11 pontos (atrás pelo menor número de gols pró)
Time-base: Room; Arcus, Oroz (Isimat-Mirin/Cornelisse), Hendriks e Mica Pinto; Aaronson e Meulensteen (Tielemans); De Regt (Hadj-Moussa), Kozlowski e Boutrah; Van Ginkel
Técnicos: Phillip Cocu (até a 12ª rodada) e Edward Sturing (interino, depois efetivado, desde a 13ª rodada) 
Maior vitória: Heerenveen 1x3 Vitesse (33ª rodada)
Maior derrota: PSV 6x0 Vitesse (30ª rodada)
Principais jogadores: Paxten Aaronson (meio-campista) e Anis Hadj-Moussa (atacante) 
Artilheiro: Marco van Ginkel (atacante), com 7 gols  
Quem deu mais passes para gol: Kacper Kozlowski (meio-campista), com 5 passes)
Quem mais partidas jogou: Eloy Room (goleiro), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado pelo Cambuur (segunda divisão), nas quartas de final
Competições continentais: nenhuma

Dor. Se fosse possível resumir a temporada 2023/24 do Campeonato Holandês para o Vitesse em uma só palavra, foi esta. Claro que havia irritação da torcida - como não se irritar, ao ver que o time nunca embalava sob o comando de Phillip Cocu, ao ver derrotas constrangedoras como os 5 a 1 sofridos para o Go Ahead Eagles (11ª rodada), ao ver na última posição um time que, há dois anos, desafiou na segunda fase da Conference League a Roma, que seria campeã do torneio? Porém, mais do que se irritar, a torcida sofria. Afinal de contas, não era só a temporada péssima que era motivo de sofrimento. Havia algo pior: com o time vendido pelo empresário ucraniano Valeriy Oyf em 2022, sem nunca achar comprador, vendo a proposta do fundo do norte-americano Coley Parry travar no processo burocrático da federação holandesa - e, no fim, ser negada -, as dívidas começavam a se acumular sem pagamento. E a KNVB começava a sinalizar com o perigo da perda da licença profissional para disputar campeonatos. Algo muito pior do que qualquer rebaixamento. Diante disso, conseguir uma campanha razoável na Copa da Holanda, chegando às quartas de final, foi até elogiável. Porque, na Eredivisie, a via-crúcis aumentava a dor da torcida. A começar pela 18ª rodada, a primeira do returno: tomando 2 a 1 do Feyenoord em casa, alguns torcedores até invadiram o campo, contra uma decisão da arbitragem. 

Era só o começo de uma sequência de cinco derrotas seguidas, que mergulharam de vez o Vites na última posição. Chegou a haver alguma esperança na 22ª rodada (empate com o Volendam, 1 a 1) e na 23ª (vitória sobre o Excelsior - 2 a 1). Mas logo ela acabava. Por mais que o técnico Edward Sturing se esforçasse, por mais que houvesse leves esperanças nas boas atuações do ponta-direita Anis Hadj-Moussa, tudo isso se esboroava - Hadj-Moussa logo brigou com Sturing, e logo anunciou sua transferência para o Feyenoord. Entre a 27ª e a 30ª rodadas, mais quatro derrotas: a última delas, 6 a 0 para o PSV, praticamente sacramentando que o clube de Arnhem seria rebaixado, após 35 anos. Era melhor um fim trágico ou uma tragédia sem fim? A federação decidiu pelo clube: puniu as dívidas e a falta de um planejamento financeiro confiável ao tirar 18 pontos, antecipando o rebaixamento antes da 31ª rodada, ao tornar a pontuação negativa. Se servia de consolo, houve vitórias que a impediram (na 31ª, 3 a 2 no Fortuna Sittard, em grande jogo de Paxten Aaronson, dos raros destaques; na 33ª, 3 a 1 no Heerenveen, em grande atuação do velho ídolo Marco van Ginkel; e na última rodada, 2 a 2 com o Ajax, tendo jogado até melhor. Àquela altura, já havia se iniciado uma "vaquinha virtual" para arrecadar o valor da licença profissional, para a segunda divisão. O técnico Edward Sturing brincou, com o apoio da torcida: "Parece até que somos campeões". Mas a dívida ainda não foi paga, e o prazo já tem data de validade: 17 de junho. A torcida só espera pelo pagamento, e o ajuda, para que possa continuar vendo o Vitesse dentro de campo. Algo que, para ela, supera qualquer dor.

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