Aké oferece versatilidade à defesa holandesa, na zaga ou na lateral esquerda - e traz mais confiança no aspecto físico do que Blind (Pro Shots/onsoranje.nl) |
Ficha técnica
Nome: Nathan Benjamin Aké
Posição: Zagueiro/lateral esquerdo
Data e local de nascimento: 18 de fevereiro de 1995, em Haia
Clubes na carreira: Chelsea (2012 a 2017), Reading-ING (2015, por empréstimo), Watford-ING (2015 a 2016, por empréstimo), Bournemouth-ING (2016, por empréstimo, e de 2017 a 2020), Manchester City-ING (desde 2020)
Desempenho na seleção: 19 jogos e 2 gols, desde 2017
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2018/19 e 2020/21)
Nathan Aké é mais um daqueles jogadores holandeses a ter rondado a seleção masculina por um longo tempo, mas que demorava para dar o salto necessário a fim de se tornar membro habitual das convocações. Uma hora, ele aconteceu. E a convocação para a Euro, seu primeiro torneio grande atuando pela Laranja, premia uma carreira que vem evoluindo consistentemente nos últimos anos.
Tal evolução começou antes mesmo da carreira começar para valer, a bem da verdade. Porque o nativo de Haia, filho de pai marfinense e mãe holandesa, fez o caminho habitual de um jogador holandês: jogar num clube amador durante a infância (o VV Wilhelmus, entre 2001 e 2003), de lá ir para uma agremiação profissional (o ADO Den Haag, no qual ficou de 2003 a 2005), e acelerar a formação como jogador num grande do país - o Feyenoord, no qual ficou de 2007 a 2011, progredindo dentro das equipes de base do Stadionclub. E a partir de 2009, começando também o caminho nas seleções inferiores dos Países Baixos, pela equipe sub-15.
Mas como outros contemporâneos, a carreira de Aké já começou para valer em outro país. Porque, em 2011, tão logo ele chegou à seleção sub-17 (já então, como zagueiro), o Chelsea o levou, para que já atuasse como júnior dentro de Stamford Bridge. E o começo foi promissor: o zagueiro concluiu 2011 sendo eleito o "Jogador Jovem do Ano" dentro do clube inglês. De quebra, esteve no grupo da Holanda campeã da Euro sub-17 daquele ano, ainda que indo e vindo do banco.
Em 2012, no bicampeonato europeu sub-17 da Holanda, Aké já foi titular - e até gol marcou, na fase de grupos, contra a Eslovênia. Mas a aparição no time principal do Chelsea demorou um pouco mais: só em 26 de dezembro, contra o Norwich City, na 19ª rodada do Campeonato Inglês. Curiosamente, Aké jogou menos na Premier League... e mais na Liga Europa: na campanha vitoriosa dos Blues, atuou durante os 90 minutos da vitória contra o Rubin Kazan, nas quartas de final, e entrou nos últimos oito minutos contra o Basel, na semifinal.
Aké até teve chances no Chelsea - mas nunca conseguiu ocupar um lugar para valer no grupo principal em Stamford Bridge (chelseafc.com) |
O jovem holandês ainda recebeu um voto de confiança do Chelsea: em 2013, renovou contrato até 2018. De quebra, era nome certo no time B dos Blues. Mas nada disso significou que Aké ganhou chances consistentes: só 11 minutos em um jogo, na Premier League 2013/14. Embora tivesse começado a participar da seleção sub-21 da Holanda, pegaria uma fase ruim da Laranja Jovem, que ficaria fora da Euro da categoria por um longo tempo.
E em 2014/15, Aké tomou o mesmo caminho de vários jovens que então atuavam no clube: uma sequência de empréstimos, para ter mais ritmo de jogo. Começou pelo Reading: foi cedido por um mês aos Royals, e lá fez cinco jogos, em abril de 2015. Agradou, foi reintegrado ao Chelsea, e até participou de um jogo na campanha do título inglês dos Blues: fez 17 minutos nos 3 a 0 sobre o West Bromwich, pela penúltima rodada, merecendo lembrança do técnico José Mourinho - o português prometeu que Aké receberia uma medalha pelo título, mesmo com a minúscula participação na campanha.
Só outro empréstimo, ao Watford, durante a temporada 2015/16, fez Aké embalar para valer na carreira. Nos Hornets, o holandês já apelidado "Baby Gullit" (pelo cabelo e pela aparência evocando o ex-jogador) ganhou versatilidade tática: além de escalado habitualmente na zaga, ganhou do técnico Quique Sánchez Flores espaço na lateral esquerda. Já teve bem mais jogos: 24 pelo Campeonato Inglês, sendo 20 como titular. Até mesmo o primeiro gol da carreira adulta marcou, nos 3 a 0 do Watford no Liverpool, pela 17ª rodada.
E o que já era razoável ficou melhor no empréstimo seguinte de Aké: o Bournemouth, na temporada 2016/17. Nos Cherries, o holandês se mostrou fundamental no time treinado por Eddie Howe: foram 12 jogos na primeira metade da Premier League, três gols (um deles, marcante: o gol da vitória na virada de 3 a 1 para 4 a 3 no Liverpool, na 14ª rodada), firmeza tanto na zaga quanto na lateral esquerda, capacidade de desarmes nas divididas. Isso foi percebido pelo Chelsea: já no começo de 2017, Aké foi reintegrado a Stamford Bridge. Para, novamente, ser pouco usado: só cinco partidas. De todo modo, valeu para que, enfim, Aké entrasse no radar da seleção masculina da Holanda. E fizesse sua primeira partida vestindo Laranja: um amistoso contra Marrocos, em 31 de maio de 2017 (vitória holandesa, 2 a 1 em Agadir).
Ali, sim: no Bournemouth, enfim, a carreira de Aké decolou, e ele virou destaque no time (Dan Istitene/Getty Images) |
Porém, estava claro: o caminho de Aké não era no Chelsea, era no Bournemouth. Um ano antes que o contrato de longa duração terminasse, o clube de Londres o liberou - e Aké chegou ao Bournemouth para ficar, sendo o recorde de transferências da história do clube rubro-negro. Nos três anos passados em Dean Court, Aké se converteu num confiável defensor. A regularidade esperada veio nas duas primeiras temporadas, atuando em todas as rodadas da Premier League - em 2018/19, inclusive, mostrando um lado goleador (4 gols). O nível técnico justificava: Aké seguia sendo um dos nomes da espinha dorsal do Bournemouth, firme no miolo de zaga, avançando bem como lateral esquerdo.
Ronald Koeman percebeu isso. E se Aké não virou titular da seleção holandesa, passou a ser nome ainda mais frequente nas convocações da Laranja do que já tinha sido em 2017, sob Dick Advocaat, no fracasso pelas eliminatórias da Copa de 2018. O zagueiro até mesmo gol fez - num amistoso contra a Itália, em junho de 2018. E sempre que Virgil van Dijk, Matthijs de Ligt ou Daley Blind estivessem indisponíveis, Aké era o nome à disposição mais confiável possível.
Aké ainda não teve tanto espaço no Manchester City (Alex Lifesey/Getty Images) |
E quando a pandemia possibilitou a reabertura do futebol mundo afora, Aké ganhou a chance de ir um estágio acima: foi anunciado como novo reforço do Manchester City, em julho de 2020. Com Van Dijk fora de combate pela lesão no joelho, o zagueiro se tornou titular também na seleção, nos primeiros jogos sob o comando de Frank de Boer. Até o amistoso contra a Espanha: uma lesão muscular na coxa o tirou da partida em Amsterdã, em novembro de 2020, já aos cinco minutos de jogo.
De lá para cá, os problemas musculares seguiram incomodando Aké. A ponto de tirá-lo das primeiras convocações neerlandesas em 2021. Ainda assim, ele se restabeleceu para fazer parte da reta final da primorosa temporada do Manchester City, campeão inglês. E se valeu da confiabilidade demonstrada nas últimas temporadas para merecer a presença na Euro.
(Pro Shots) |
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