Berghuis sempre vinha tendo boas atuações no Feyenoord, mas sem espaço na Holanda. Só que cresceu a tal ponto que agarrou a ponta esquerda titular quando a chance surgiu (Pro Shots/onsoranje.nl) |
Ficha técnica
Nome: Steven Berghuis
Posição: Atacante
Data e local de nascimento: 19 de dezembro de 1991, em Apeldoorn
Clubes na carreira: Twente (2011 a 2012), VVV-Venlo (2012, por empréstimo), AZ (2012 a 2015), Watford-ING (2015 a 2017) e Feyenoord (2016 a 2017, por empréstimo, e desde 2017)
Desempenho na seleção: 24 jogos e 2 gols, desde 2016
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2020/21)
Há pelo menos quatro anos, Steven Berghuis é daqueles jogadores sobre os quais se diz que "carregam seu time nas costas". Tudo bem, pode ser exagero, mas o fato é que o atacante é indiscutível como destaque do Feyenoord - basta dizer que é o único convocado do clube de Roterdã para a seleção masculina dos Países Baixos. Pelo menos neste 2021, isso tem sido suficiente para fazer dele um titular muito provável da ponta-direita da Holanda na Euro. Seria o coroamento de uma carreira de muitas idas e vindas - tantas que Berghuis, para muitos, é desconhecido a ponto de soar como revelação.
A influência para Steven começar no futebol veio de casa: seu pai, Frank Berghuis, não só foi atacante - ponta-esquerda com passagem pelo PSV -, como atuou em um amistoso pela seleção holandesa (por sinal, amistoso justamente contra o Brasil, em 1989 - a Seleção venceu, 1 a 0). Todavia, a passagem de Berghuis "filho" por categorias inferiores foi incomum: o nativo de Apeldoorn passou por muitos clubes na adolescência. Começou no amador LAC Frisia. Depois, em 2007, foi para o AGOVV, já extinto, da cidade natal, então dividindo as categorias de base com o Vitesse. No ano seguinte, o atacante tentou a sorte em outro clube amador de Apeldoorn, o WSV.
Mas Berghuis só entrou no rumo da carreira para valer quando tomou o caminho do Go Ahead Eagles, em 2009. Foi exatamente naquele ano que o clube de Deventer fundiu suas categorias de base com as de Twente e Heracles Almelo. Já se destacando na ponta-direita, Steven rapidamente despontou nas seleções de abase: começou a jogar pela sub-19, em 2019. No ano seguinte, fez a transição para o Twente: assinou um contrato de dois anos com o clube de Enschede, já entrando no grupo do time B. E ainda na temporada 2010/11, o jovem teve sua participação na campanha dos Tukkers no vice-campeonato holandês: entrou no lugar de Ola John para atuar por 14 minutos, durante a goleada no clássico contra o Heracles Almelo (5 a 0, pela 19ª rodada da Eredivisie, em 19 de janeiro de 2011).
Na temporada 2011/12, Berghuis já começou a se alternar mais entre banco e titularidade no Twente: começou jogando, por exemplo, contra o Benfica, nos play-offs por vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões. Também teve sua primeira aparição na seleção sub-21 da Holanda. De quebra, marcou seu primeiro gol pelo Twente - aliás, marcou logo quatro, nos 8 a 1 sobre o Zwaluwen, pela segunda fase da Copa da Holanda. Entretanto, a época era de muitos atacantes para poucas vagas nos Tukkers: Luciano Narsingh, Quincy Promes, Luuk de Jong, Ola John, Marc Janko, Emir Bajrami... e Berghuis ainda era jovem. Para ter ritmo de jogo, foi emprestado ao VVV-Venlo, na metade daquela temporada. E teve sua utilidade: se o clube aurinegro precisou da repescagem para escapar do rebaixamento, o atacante colaborou com dois gols nas partidas decisivas.
Berghuis começou no Twente, passou pelo VVV-Venlo... mas só no AZ sua carreira teve espaço para embalar (VI Images/Getty Images) |
De volta dos Venlonaren, Berghuis seguiu sem muita perspectiva no Twente. Aí chegou o AZ, no meio de 2012: o jovem atacante tomou o caminho de Alkmaar. Seguiria sem a titularidade plena na equipe, é verdade: na primeira temporada, 2012/13, foram 23 jogos pelo AZ no Campeonato Holandês, mas só dez como titular inicial, e sem gols. Ainda assim, Berghuis ganhava capacidade para mais posições além da ponta-direita: chegou a jogar no meio-campo, substituindo periodicamente nomes como Erik Falkenburg. De quebra, até festejou o primeiro título da carreira, com a Copa da Holanda. Em 2013/14, os números do atacante já foram melhores pela Eredivisie: 29 jogos, 9 gols, ajuda na campanha que levou o AZ à Liga Europa. E a última temporada de Steven em Alkmaar foi o seu ápice: em 2014/15, foram 22 jogos e 11 gols pelo Holandês. Nem uma lesão no início do campeonato o impediu de fazer bom trio de ataque com o americano Áron Jóhannsson e o neerlandês Guus Hupperts, levando o AZ ao terceiro lugar na liga.
O elogiável desempenho já valeu um espaço num centro mais competitivo: Berghuis foi uma das contratações do Watford para a disputa do Campeonato Inglês, em 2015/16. Porém, a chance de aparecer na Premier League foi perdida. Uma lesão logo na chegada aos Hornets e a desconfiança do técnico Quique Sánchez Flores sobre sua capacidade em jogar no esquema tático (um 4-2-3-1) tiraram boa parte do espaço do holandês na equipe aurirrubra: Berghuis só saiu do banco para jogar nove partidas na Premier League. Quique Sánchez Flores saiu, Walter Mazzarri chegou ao Watford, e o pouco espaço que Berghuis tinha se diminuiu ainda mais. Se restava um consolo, era apenas o de, enfim, estrear pela seleção principal da Holanda, num amistoso contra a Irlanda, em 27 de maio de 2016 - 1 a 1 em Dublin. Outro consolo era o de encontrar cada vez mais o seu lugar em campo: a ponta-direita.
Berghuis pediu chances no Watford. Mas uma lesão e a falta de adaptação ao estilo no clube inglês encurtaram seu caminho por lá (watfordfc.com) |
Foi apostando nessa posição que Berghuis teve uma chance voltando ao país natal, emprestado ao Feyenoord para a temporada 2016/17. O atacante não poderia ter feito melhor: já teve chance na primeira rodada do Campeonato Holandês, vindo a campo para os 16 minutos finais, contra o Groningen. Na terceira rodada, já foi titular no 1 a 0 diante do Heracles Almelo. Mais uma rodada, e Berghuis deixava a bola nas redes do Excelsior, numa goleada por 4 a 1. Enfim: o atacante virou titular, e teve sua importância no fim do jejum do Stadionclub, campeão da Eredivisie após 18 anos. Foram 30 jogos (25 como titular), sete gols e cinco passes para gol. Outros simbolizaram mais a campanha, como Dirk Kuyt e Nicolai Jorgensen, mas Berghuis tivera sua importância. Reabilitara a carreira. E conseguiria realizar seu desejo: o Feyenoord o contratou em definitivo logo que a temporada acabou.
Dirk Kuyt encerrou a carreira, Eljero Elia saiu... e a importância de Berghuis começou a aumentar no Feyenoord. Algo indicado pelos números crescentes pelo Campeonato Holandês, em 2017/18: 31 jogos, 18 gols, 12 passes para gol - até mesmo na apagada campanha Feyenoorder na Liga dos Campeões ele conseguiu deixar uma bola na rede, ainda que em derrota (2 a 1 para o Shakhtar Donetsk, na terceira rodada da fase de grupos). Além do mais, outro título de Copa da Holanda. Em 2018/19, foram menos gols pela Eredivisie (12), mas mais jogos (33) e também 12 assistências. E em 2019/20, antes da pandemia, se o Feyenoord começava a ensaiar chegar à disputa do título na Eredivisie - além de chegar à final da Copa da Holanda, que não aconteceria -, Berghuis era o grande responsável: em 24 aparições na liga, sete passes para gol e 15 gols, fazendo dele o goleador do campeonato que não pôde acabar (ao lado do nigeriano Cyriel Dessers, do Heracles Almelo).
Nomes vêm e vão do clube, mas há pelo menos quatro anos, os jogos deixam cada vez mais claro: Berghuis é o dono da bola no Feyenoord (Soccrates/BSR Agency) |
Se se consolidava como a estrela praticamente solitária do Feyenoord, criando jogadas pela direita, se movimentando, marcando gols, sendo o único alvo de confiança da torcida, Berghuis já tinha mais dificuldades em termos de seleção. Não para ser incluído nas convocações: sempre figurou nelas, de 2017 em diante. Todavia, a grande concorrência no ataque dificultava demais a situação do jogador: só para as pontas, havia Steven Bergwijn, Ryan Babel e Quincy Promes à frente, na "hierarquia" sob Ronald Koeman. Foram só três jogos pela Laranja em 2018 (todos amistosos, todos vindo do banco), e dois em 2019, pelas eliminatórias da Euro.
A situação começou a mudar com a chegada de Frank de Boer: Berghuis já atuou em cinco partidas sob o atual treinador neerlandês em 2020, três delas como titular. Perdeu alguns gols, é verdade (como no 0 a 0 com a Bósnia, pela Liga das Nações), mas já deixou melhor impressão. E neste 2021, Berghuis enfim levou a importância na seleção a um nível parecido com a importância no clube. Pelo Feyenoord, na Eredivisie, os mesmos números de 2017/18: 31 jogos, 18 gols, 12 assistências. E pela seleção, não só a titularidade nos três jogos das eliminatórias da Copa, mas os dois primeiros gols pela Holanda - abrindo o placar contra Letônia, na segunda rodada, e Gibraltar, na seguinte.
Trocando em miúdos: Berghuis chega à Euro à frente dos concorrentes pela posição. Virou o jogo na seleção, graças ao que fez e continua fazendo no Feyenoord.
(Pro Shots) |
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