quarta-feira, 26 de maio de 2021

Os 26 holandeses na Euro: Malen

 

Donyell Malen se consolidou como um grande goleador na Eredivisie. A Euro pode ser o sinal de que ele está pronto para o próximo passo na carreira (Pro Shots/onsoranje.nl)

Ficha técnica
Nome: Donyell Malen
Posição: Atacante
Data e local de nascimento: 19 de janeiro de 1999, em Wieringen
Clubes na carreira: PSV (desde 2018)
Desempenho na seleção: 8 jogos e 2 gols, desde 2019 
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2020/21)

Atacantes na seleção masculina da Holanda? O conhecimento médio aponta para Memphis Depay. Há quem vá se lembrar de Steven Bergwijn ou Wout Weghorst. A experiência faz com que Luuk de Jong e Quincy Promes mereçam menção - e é bom lembrar a ótima temporada que credencia Steven Berghuis para a Euro. Mas o nome menos citado dos avantes da Laranja talvez seja o mais promissor de todos, só abaixo de Depay. Donyell Malen é daqueles jogadores que parecem só estar à espera do empurrão para conseguirem espaço num centro mais competitivo. A Euro pode ser a prova final de sua capacidade - caso ele tenha oportunidade no decorrer dela.

Mais um descendente de surinameses na Laranja, Malen teve as primeiras experiências futebolísticas em dois clubes amadores: o VV Succes, de Hippolytushoef, e o HVV Hollandia, de Hoorn. Mas foi aos nove anos de idade que o nativo de Wieringen começou a ter coisa séria nos campos: foi nessa idade que Malen foi levado para o Ajax, na famosa De Toekomst ("O Futuro", em holandês), a escola de formação de jogadores nas categorias de base.

Quando criança, Malen (sétimo sentado, da esquerda para a direita) foi da base do Ajax. E foi colega de um tal De Ligt (segundo em pé com a camisa do Ajax, da esquerda para a direita) (ajax.nl)

E já no Ajax Malen começou a chamar a atenção, mostrando alguma habilidade e alguma velocidade com a bola nos pés, no meio da área, atacando. No clube de Amsterdã, foi titular time após time nas categorias inferiores - tendo como colega de geração e equipes, inclusive, um garoto loiro e até gordinho chamado Matthijs de Ligt. Em 2014, o atacante figurava numa seleção de base holandesa pela primeira vez. Aliás, as primeiras vezes: foram cinco jogos pela seleção sub-15 (um gol), e outros cinco pela seleção sub-16.

Tudo isso bastava para Malen ser considerado um dos adolescentes mais promissores que o Ajax formava, no meio da década passada. Tão promissor que nem ficou em Amsterdã: bem que o clube quis mantê-lo, mas o atacante se encantou com a proposta do Arsenal - clube que tivera, afinal, Thierry Henry e Dennis Bergkamp, ídolos confessos de Malen na infância (Bergkamp, inclusive, o treinara na base do Ajax). E em 2015, muito antes de virar profissional de vez, o jovem se transferiu para os Gunners.

Antes mesmo de chegar à fase adulta da carreira, Malen já causou boa impressão no Arsenal (Getty Images)

Escalado alternadamente em vários times de base do Arsenal, Malen não só já entrou direto para o Campeonato Inglês Sub-23 (em 2015/16, foram 11 jogos e 4 gols), como também participou da campanha do time sub-19 na Liga Jovem da UEFA. No final daquela temporada, foi crescendo de importância. Defendendo a Holanda, também já começava a virar habitual nas seleções de base: era seu momento na equipe sub-17 da Laranja - Malen disputou duas Euros seguidas da categoria, em 2015 (como reserva) e 2016 (titular na campanha que levou os neerlandeses às semifinais).

E o caminho de Malen no Arsenal começava a se abrir. Pelo sub-18 do Arsenal, titularidade bem mais frequente, e uma excelente média de meio gol por jogo na temporada 2016/17 - 18 jogos pela liga inglesa da categoria, nove gols. Pelo sub-23, também na Premier League, foram 11 jogos e três gols. A qualidade na finalização e a velocidade na ponta-esquerda começou a abrir espaço no grupo principal do Arsenal: na pré-temporada para 2017/18, o atacante foi incluído na viagem dos Gunners à China. 

Mas o passo definitivo de Malen para a fase principal na carreira não seria em Londres. Seria em Eindhoven: o PSV ousou, repatriando Malen do Arsenal em agosto de 2017, numa transferência que causou até certo rumor nos Países Baixos - quando nada, porque se tratava de um originado no Ajax. Bastou o atacante começar a ter espaço no time B dos Boeren, que as coisas aconteceram: Malen ainda iniciou a temporada 2017/18 no banco do Jong PSV, mas o meio do campeonato da segunda divisão lhe deu uma sequência notável. Entre a 14ª e a 18ª rodadas, foram sete gols do atacante - sem contar um pela Liga Jovem da UEFA, também pelo PSV. 

Depois dessa sequência, Malen não só virava titular absoluto do time B, como também passou a frequentar o banco de reservas do time principal - pelo qual estreou nos 4 a 0 contra o Zwolle, pela 21ª rodada do Campeonato Holandês que o PSV ganharia. Terminou a segunda divisão holandesa com 13 gols em 22 jogos, marca que fez dele goleador do Jong PSV em 2017/18. Em termos de seleções de base, o atacante começou 2018 na equipe sub-19... e terminou o ano já chamado para a sub-21, a Laranja Jovem, último estágio antes da principal.

E a temporada 2018/19 serviu para Malen ganhar o espaço definitivo no PSV. Podia até ficar na reserva de Gastón Pereiro, Hirving Lozano e Steven Bergwijn, habituais pontas no time de Eindhoven, mas sempre entrava: dos 34 jogos do Campeonato Holandês, entrou em 31, ainda que começando na reserva em 25 desses 31. Tudo bem: Malen já conseguiu marcar dez gols na Eredivisie, e ainda deu passes para quatro. Também participou dos seis jogos do PSV na fase de grupos da Liga dos Campeões. E deixou claro: bastava um dos concorrentes dar espaço, que ele tomaria a posição.

Malen virou protagonista no PSV em 2019. Provou merecer com atuações como contra o Vitesse, em 2019/20: cinco gols, 5 a 0 do time de Eindhoven (BSR Agency)

O espaço surgiu com as saídas de Lozano para o Napoli, e de Luuk de Jong para o Sevilla ao fim da temporada 2018/19. Malen começou 2019/20 como titular do PSV. Fez o possível na eliminação dos Boeren na fase de grupos da Liga Europa: quatro jogos, três gols. Mas foi o que fez naquela primeira metade de Campeonato Holandês que lhe credenciou de vez - mais precisamente, na sexta rodada da Eredivisie: em 14 de setembro de 2019, PSV 5 a 0 no Vitesse, os cinco de Malen. Na rodada seguinte, fez gol no 1 a 1 do clássico contra o PSV. Foi tudo: na convocação seguinte de Ronald Koeman para a seleção principal, o atacante estava presente. E no primeiro jogo pela Laranja, Malen aproveitou a chance do melhor jeito possível: contra a Alemanha, fora de casa, nas eliminatórias da Euro, o jovem substituiu Denzel Dumfries, jogou como ala direito... e fez o último gol nos 4 a 2 sobre os alemães, em Dusseldorf, das grandes atuações da Laranja nos últimos anos. 

Malen faria mais três partidas pela Holanda em 2019. Sem Lozano nem Luuk de Jong, começava a jogar mais no meio da área do que na ponta - o que potencializava sua capacidade de finalização. Mas o caminho do atacante, com 14 jogos e 11 gols na Eredivisie, parou antes mesmo que a pandemia parasse com tudo. Uma torção no joelho, sofrida contra o Feyenoord, na 17ª rodada do Campeonato Holandês, em dezembro de 2019, levou ao diagnóstico temido: rompimento do ligamento cruzado anterior. Seis meses fora para Malen. Dificilmente ele iria à Euro... se a Euro fosse em 2020.

Uma lesão no joelho quase tirou Malen da Euro. Veio o adiamento... (VI Images)

Quis a pandemia que não fosse assim. Malen pôde se recuperar sem a pressão de uma competição para disputar. Quando voltou aos campos, em agosto de 2020, voltou direto para a titularidade no PSV. Formando boa dupla de ataque com o israelense Eran Zahavi, teve desempenho razoável na Liga Europa (cinco gols em oito jogos). Mas foi o que fez na Eredivisie que seguiu deixando Malen no radar da seleção: 32 partidas, 19 gols - o que fez dele vice-goleador do campeonato -, oito assistências. Velocidade na ponta, na área, no recuo para buscar a bola e iniciar jogadas... nas últimas datas FIFA, até deixou seu gol, nos 7 a 0 sobre Gibraltar pelas eliminatórias da Copa.

Assim, Malen chega à Euro em ritmo até melhor do que alguns concorrentes pela vaga. Por ora, se Memphis Depay começar jogando pelo meio do trio de ataque (provável opção de Frank de Boer para adversários de melhor nível técnico), pode ser titular da Holanda. Os males na sua carreira acabaram vindo para o bem, por vias tortas.

(VI Images)


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