Se a questão é marcação, poucos meio-campistas são tão confiáveis na seleção holandesa quanto De Roon (Pro Shots/onsoranje.nl) |
Ficha técnica
Nome: Marten de Roon
Posição: Meio-campista
Data e local de nascimento: 29 de março de 1991, em Zwijndrecht
Clubes na carreira: Sparta Rotterdam (2010 a 2012), Heerenveen (2012 a 2015), Atalanta-ITA (2015 a 2016 e desde 2017) e Middlesbrough-ING (2016 a 2017)
Desempenho na seleção: 21 jogos, desde 2016
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2018/19, 2020/21)
Há muitos titulares conhecidos na seleção masculina da Holanda. Marten de Roon não é um deles. Mas essas frases bem humoradas (típicas, aliás, do ar espirituoso que o jogador dá ao seu perfil no Twitter) não querem dizer que o meio-campista não tenha utilidade dentro da Laranja. Muito ao contrário: nos últimos três anos, discretamente, De Roon mostrou grande capacidade na marcação, tornando-se titular no selecionado. Pode até ter perdido espaço neste começo de 2021, mas não só teve lugar garantido entre os convocados à Euro, como é forte candidato a sair do banco para entrar sempre que for preciso.
Após começar a bater bola no amador ASWH (Altijd Sterker Worden Hendrik-Ido-Ambacht), próximo à sua cidade natal, De Roon entrou nas categorias de base do Feyenoord, ainda na fase final da infância. Lá ficou por seis anos. Mas seria em outro clube de Roterdã que o nativo de Zwijndrecht teria a porta aberta para a carreira nos campos: o Sparta Rotterdam, onde chegou em 2006. No clube do bairro de Spangen, De Roon terminou sua formação nas categorias de base. Teve até uma chance em seleção inferior - um jogo pela equipe sub-18 da Holanda, e outros três pela seleção sub-19, todos em 2009.
Finalmente, em 27 de março de 2010, veio a estreia do volante pelo time principal do Sparta Rotterdam: De Roon saiu do banco durante o jogo contra o Twente, já na 29ª rodada do Campeonato Holandês da temporada 2009/10. O Sparta caiu para a segunda divisão ao fim da temporada, mas o jogador ficou no Kasteel. E se consolidou, nas duas temporadas seguintes, como um nome regular e confiável na marcação, dentro do meio-campo. A ponto de atrair muito interesse dentro do futebol dos Países Baixos: AZ, Heracles Almelo, Heerenveen... E coube a este último clube levar De Roon logo no fim do contrato com o Sparta Rotterdam, no meio de 2012.
No Heerenveen, sob o comando de Marco van Basten, De Roon demorou um pouco para se tornar indispensável. Mas a partir da metade da temporada 2012/13, cresceu e tomou a titularidade no clube das camisas alviazuis com folhas de lírio para não mais perdê-la. Em 2013/14, então, De Roon ficou ainda mais prestigiado: já com novo técnico no Heerenveen (Dwight Lodeweges, hoje auxiliar técnico de Frank de Boer na seleção), não só prosseguiu titular absoluto no meio-campo, como foi escolhido o capitão do time. E até se entrosou bem com um nome no meio do Fean, Joey van den Berg: este cuidava dos desarmes, com mais força, enquanto De Roon apostava na capacidade com a saída de bola. Finalmente, na temporada 2014/15, o meio-campista foi um dos principais nomes do Heerenveen que quase teve vaga na Liga Europa - perdeu-a para o Vitesse, na final da repescagem holandesa.
No Heerenveen, De Roon consolidou seu estilo marcador no meio-campo (Pro Shots) |
A constância das atuações fez com que De Roon chamasse a atenção da Atalanta - e antes da temporada 2015/16, ele chegou ao clube italiano. Já na primeira temporada em Bérgamo, o holandês demonstrou a sua principal qualidade em campo: continuidade. Não era um goleador (só um gol), nem um criador de jogadas (só um passe para gol), mas raramente perdia um jogo (36 das 38 partidas da Atalanta no Campeonato Italiano) e mantinha firme a posse de bola (em média, 60,9 toques na bola por jogo). Mesmo que a Atalanta fosse um time de meio de tabela, então - terminou a Serie A 2015/16 na 11ª posição -, De Roon se destacou. E já deu mais um salto: a contratação pelo Middlesbrough, que voltava à primeira divisão inglesa.
No Boro, o holandês seguiu constante (33 jogos). Até marcou mais gols (4). E se aprimorou nos desarmes. Tudo isso, enfim, o levou à seleção holandesa: em 13 de novembro de 2016, o volante teve a sua estreia na Laranja, contra Luxemburgo, vindo do banco para os últimos dois minutos de jogo. Porém, só durou uma temporada na Inglaterra: o Middlesbrough caiu novamente para a segunda divisão, e teve de vender o volante.
Sorte da Atalanta: já então sob o comando do técnico Gian Piero Gasperini, que desejava um estilo mais ofensivo em campo, o clube trouxe De Roon de volta, para a temporada 2017/18. Àquela altura, já havia mais alvos na temporada: além do Campeonato Italiano, a Atalanta tinha uma Liga Europa para disputar. E De Roon esteve nisso tudo. Mais focado no lado direito do meio, seguiu titular da Atalanta, tanto na Serie A quanto na Europa League. E a melhora de seus índices com a bola nos pés indicava como aquela Atalanta estaria diferente.
De certa forma, se abria ali a grande fase da carreira do volante. Porque, se só atuara em um jogo pela seleção da Holanda em 2017, sua boa fase o levou a ser experimentado por Ronald Koeman na escalação da Laranja, a partir do amistoso contra Portugal, em 26 de março - vitória holandesa, 3 a 0. Ali De Roon começou a se mostrar um jogador discreto e confiável. Tão confiável que Koeman o tornou titular absoluto da seleção a partir dali.
De Roon chegou à Atalanta, teve a experiência frustrada no Middlesbrough... e só decolou quando voltou a Bérgamo (VI Images) |
O que só progrediria ao longo da temporada 2018/19. Pela Atalanta, De Roon mostrou-se cada vez mais preciso na saída de bola (só pelo Campeonato Italiano, foram 88% de acerto nos passes). Ajudando demais na meia-direita, foi nome certo na escalação do time que conseguiu a façanha de levar a Dea pela primeira vez à Liga dos Campeões. O bom nível de equilíbrio entre marcação e apoio consolidava De Roon também na seleção: enquanto Frenkie de Jong circulava por todo o campo e Georginio Wijnaldum era mais do ataque, o volante cuidava da marcação - e tal entrosamento fez dele titular na maioria dos jogos da Holanda em 2019, incluindo a final da Liga das Nações.
De lá para cá, a situação seguiu a mesma. Pelo menos, na Atalanta: De Roon fez parte da campanha elogiável na Liga dos Campeões, em 2019/20, e segue como nome frequente na escalação do time azul e negro de Bérgamo - quase sempre, cabe a ele roubar as bolas e iniciar as jogadas de ataque. Na seleção, o volante até continuou com bastante espaço mesmo após a saída de Ronald Koeman e a chegada de Frank de Boer: jogou a maioria das partidas da Holanda em 2020.
Isso mudou um pouco em 2021: uma atuação ruim contra a Turquia, na estreia das eliminatórias da Copa de 2022, fez De Roon perder a vaga para Davy Klaassen, em boa fase no Ajax. Ainda assim, ele está garantido na Euro. Porque se sabe: em matéria de marcação no meio-campo, poucos jogadores neerlandeses são mais confiáveis e constantes.
(Pro Shots) |
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