Não, o Equador não venceu a Holanda. Mas foi quase como se tivesse ganho, tamanha a superioridade de La Tri sobre a Laranja. O gol de Enner Valencia foi bem merecido (Jewel Samad/AFP/Getty Images) |
Tendo em vista o modo como a seleção da Holanda (Países Baixos) atua nos últimos anos, é preciso dizer: apesar de seus pontos positivos, é muito fácil marcá-la. Basta que a seleção adversária seja intensa - para evitar um mal habitual dos jogadores holandeses (preferirem receber a bola nos pés, num jogo mais cadenciado). Basta bloquear Frenkie de Jong, o nome que inicia a maioria das saídas de bola. E basta simplesmente ser mais rápido para aproveitar os espaços nas laterais - no caso do jogo desta sexta, pela direita. Pois bem: a seleção do Equador aprendeu direito como neutralizar a Laranja e deixá-la fragilizada. Por isso, se algum time mereceu vencer no 1 a 1 da segunda rodada da fase de grupos da Copa do Mundo, foi La Tri.
Parecia que seria diferente, no começo do jogo. Porque a escalação foi promissora: com Davy Klaassen e Teun Koopmeiners, que haviam entrado bem contra Senegal, e Jurriën Timber na direita do trio de zagueiros, substituindo Matthijs de Ligt, de atuação temerária na estreia. O começo foi o melhor possível. Até porque houve esperteza para aproveitar um erro de Moisés Caicedo na saída de bola, logo no começo. Klaassen passou, Cody Gakpo chutou da entrada da área e fez o seu segundo gol em dois jogos nesta Copa, se consolidando como o grande - e único até aqui - destaque da Laranja no torneio. Não adiantou. O Equador parece ter entendido: tinha sido só um erro. Logo, a seleção sul-americana concretizou os principais temores da Holanda: causar problemas a ela nas laterais. Principalmente na direita: Denzel Dumfries teve sérias dificuldades (e Timber também) na marcação por aquele lado.
Aos 25', Gonzalo Plata tentou o cruzamento - Virgil van Dijk tirou; aos 28', Pervis Estupiñán (quem mais problemas deu pela esquerda) cruzou, Michael Estrada até errou, e só Nathan Aké - rara boa atuação na defesa - impediu que Ángelo Preciado fizesse coisa mais séria. De quebra, no meio, Frenkie de Jong estava isolado demais, com a dupla Moisés Caicedo-Jhegson "Sebas" Méndez a dominar totalmente o "deserto" holandês no setor, impedindo que a seleção europeia passasse do meio-campo. E era obrigatório citar outra tremenda atuação de Enner Valencia, superando as dores no joelho ainda vitimado para ser presença a atormentar bastante a Holanda. O maior sinal de alerta possível veio pelo gol de Estupiñán nos acréscimos do primeiro tempo, anulado só porque a regra diz que o goleiro não pode ser bloqueado esteja em que posição estiver - Andries Noppert tinha Jackson Porozo à frente, mas via a bola perfeitamente.
A direita da defesa holandesa foi muito ruim, em má atuação de Dumfries e Timber. E na esquerda, apenas Aké trouxe alguma segurança (Robbie Jay Barratt/AMA - Getty Images) |
Memphis Depay veio para os 45 minutos finais. Esperava-se uma melhora. Que nada: a Holanda seguia lenta, previsível. Aí o destino foi impiedoso: um erro de Timber, Michael Estrada dominou, chegou à área e chutou (talvez Van Dijk pudesse ter se aproximado mais...), Noppert rebateu, mas Valencia estava a postos para anotar o seu sexto gol seguido em Copas do Mundo, empatando o jogo. Era só o começo do momento mais perigoso para os Países Baixos nos 90 minutos: continuando a dominar o meio-campo, o Equador ampliou a pressão no ataque. Aos 59', quase concretizou sua superioridade em gols, numa bela jogada - completada no chute de Estrada que Van Dijk bloqueou e, principalmente, no arremate de Plata, na trave.
Aos poucos, porém, o Equador se cansou. Diminuiu a velocidade alucinante. O que não impediu a zaga de tornar inócua a entrada de Memphis Depay, mantendo-o sem a bola nos pés. No meio-campo, somente Frenkie de Jong tentava alguma coisa - e raramente conseguia. E na defesa, só Aké trazia alguma segurança: até mesmo Andries Noppert assustou, nos acréscimos, repondo a bola em cima de Kevin Rodríguez - ela encobriu a meta, sutil, saindo por cima do gol. E a seleção equatoriana, mesmo perdendo a velocidade, terminou o jogo no ataque.
Acuada, a Holanda só teve três fatos frios a celebrar: empatou, manteve a liderança do grupo A, está muito perto da classificação às oitavas de final, bastando vencer o Catar. Porque, de resto, o Equador deixou claro como se preparou bem para superá-la. E deixou claro como deter a Laranja é uma tarefa muito mais previsível do que parece.
COPA DO MUNDO FIFA 2022 - GRUPO A
Holanda 1x1 Equador
Data: 25 de novembro de 2022
Local: Khalifa International Stadium (Al Rayyan)
Árbitro: Mustapha Ghorbal (Argélia)
Gols: Cody Gakpo, aos 6', Enner Valencia, aos 49'
HOLANDA
Andries Noppert; Jurriën Timber, Virgil van Dijk, Nathan Aké; Denzel Dumfries, Teun Koopmeiners (Marten de Roon, aos 79'), Frenkie de Jong e Daley Blind; Davy Klaassen (Steven Berghuis, aos 70'); Steven Bergwijn (Memphis Depay, aos 46') e Cody Gakpo (Wout Weghorst, aos 79'). Técnico: Louis van Gaal
EQUADOR
Hernán Galíndez; Jackson Porozo, Piero Hincapié e Felix Torres; Ángelo Preciado, Moisés Caicedo, Jhegson "Sebas" Méndez e Pervis Estupiñán; Gonzalo Plata (Romario Ibarra, aos 90'), Michael Estrada (Jeremy Sarmiento, aos 74') e Enner Valencia (Kevin Rodríguez, aos 90'). Técnico: Gustavo Alfaro
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