sexta-feira, 11 de novembro de 2022

O guia da Holanda na Copa: onde terminará a gangorra?

Tantos treinos, tantos jogos, tanta turbulência nos anos recentes... para este momento chegar: a Holanda de volta à Copa do Mundo (Jeroen Meuwsen/Orange Pictures/BSR Agency/Getty Images)

Há alguns motivos para acreditar que a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) fará uma boa campanha na Copa do Mundo: os bons jogadores que possui, o aspecto competitivo que ganhou desde a chegada de Louis van Gaal, o caminho relativamente acessível que possui até as quartas de final. Entretanto, também há alguns motivos para acreditar que a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) corre risco de decepcionar: o grupo A em que está tem adversários "chatos" em Senegal e Equador - e um pouco menos, no Catar -, jogadores fundamentais chegam em fase inconstante ou mesmo vindos de lesão, e o histórico da Laranja em Mundiais tem decepções de sobra para justificar a cautela. Trata-se de uma "gangorra". Aliás, foi assim que o time holandês/neerlandês seguiu seu caminho no ciclo que terá a reta final a partir do próximo dia 21, às 13h de Brasília, quando a Oranje reestreia numa Copa, contra Senegal, no estádio Al-Thumama.

Basta lembrar como este ciclo começou: com Ronald Koeman começando a comandar uma seleção que andava macambúzia, pessimista (até por vir de ausências na Euro 2016 e na Copa de 2018), a Laranja se reanimou já em 2018. Num grupo difícil na Liga das Nações - França e Alemanha -, conseguiu passar e ir às semifinais. Mais do que isso: em 2019, foi finalista da primeira edição do torneio, caindo para Portugal na decisão. Só que nem esta derrota em finais - mais uma... - abalou a Laranja. A geração de Matthijs de Ligt e Frenkie de Jong começava a passar ótima impressão. Tinha a ajudá-la gente mais velha, como os veteranos Jasper Cillessen, Daley Blind, Memphis Depay e Georginio Wijnaldum - mais Virgil van Dijk, então vivendo o esplendor de sua carreira. E garantia a vaga na Euro em grande estilo, indo bem em seu grupo nas eliminatórias da competição continental. A gangorra estava em alta.

A pandemia trouxe os pontos de interrogação de volta, ao adiar a Euro. Só que o grande fato a fazer a Holanda duvidar de si novamente veio com um vexame do Barcelona, naqueles 8 a 2 levados do Bayern de Munique nas quartas de final da Liga dos Campeões 2019/20. O clube catalão voltou a sondar Ronald Koeman, o técnico decidiu ceder à tentação de realizar seu sonho de carreira (treinar o clube em que marcou época como jogador)... e a Holanda perdeu seu técnico. Pior: fez uma opção de sucessor contestada desde o início em Frank de Boer, vindo de vários trabalhos ruins. E os dez meses de trabalho do ex-zagueiro no comando confirmaram os temores. Na Liga das Nações 2020/21, uma campanha sem brilho. O começo das eliminatórias da Copa foi preocupante, com derrota para a Turquia. 

Na Euro, foi pior ainda. As três vitórias em três jogos na fase de grupos ainda trouxeram alguma esperança, mas a cautela era maior: tudo "começaria de novo" nas oitavas de final. E os fatos adversos - gol perdido por Donyell Malen, expulsão de Matthijs de Ligt - deixaram claro que a Holanda só tinha um "plano A" com De Boer. Sem ele, a República Tcheca (Tchéquia) a dominou, se classificando numa surpresa nem tão surpreendente. E Frank de Boer virou uma demissão esperando para acontecer - ela veio só dois dias depois da eliminação. A gangorra atingia seu ponto mais baixo. Mesmo com bons jogadores, quem os comandaria? Os técnicos holandeses não atraíam confiança - e os que atraíam, Erik ten Hag à frente, estavam empregados; um estrangeiro já chegaria sob pressão.

O trabalho de Ronald Koeman era bom, mas ele preferiu interrompê-lo pelo sonho de treinar o Barcelona; o trabalho de Frank de Boer deu razão a quem o criticava; só Louis van Gaal acalmou um pouco a situação (Jeroen Meuwsen/Orange Pictures/BSR Agency/Getty Images)

Diante disso, não houve mais como a federação escapar de Louis van Gaal. Descartado após a demissão de Ronald Koeman, ele foi novamente convidado. A tentação de fazer da Holanda campeã mundial (o grande sonho de sua carreira) foi demais, e ele aceitou voltar, mesmo precisando fazer testes e achar um time no meio do caminho. Teria pela frente três rodadas decisivas nas eliminatórias da Copa, contra Noruega, Montenegro e Turquia. Foi o suficiente: depois delas, torcida e imprensa já sabiam que o rumo tinha sido encontrado. Uma boa geração tinha um técnico - mais ameno no trato, ao contrário de vezes passadas. E a Holanda, de fato, garantiu a vaga no Mundial, mesmo com sustos aqui e ali.

De lá para cá, Van Gaal cumpriu plenamente o que desejava. Mesmo com somente dois amistosos (contra Dinamarca e Alemanha - e se desejaram adversários sul-americanos, como o Brasil), mesmo tendo um torneio para disputar na Liga das Nações, o treinador conseguiu experimentar vários jogadores sem descaracterizar a base que a Holanda já tinha. Por isso, até, a falta que Georginio Wijnaldum fará na Copa é amenizada - afinal, Teun Koopmeiners e Marten de Roon já se demonstraram prontos. É certo que há coisas preocupantes com dois nomes fundamentais: Virgil van Dijk teve um começo de temporada com falhas incomuns, e Memphis Depay chega à Copa se recuperando de lesão no músculo posterior da coxa. Ainda assim, a impressão é de que o time laranja tem competitividade suficiente para fazer uma boa Copa. Não é exatamente um favorito a título, mas é plenamente capaz de uma campanha decente.

Em suma: se a Holanda viveu uma gangorra entre 2018 e 2022, agora ela está no alto. Cairá na Copa? Resposta a partir do dia 21.

Os 26 convocados da Holanda para a Copa (clique nos nomes e saiba mais sobre eles)

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