Weghorst se mostrou um atacante esforçado, disposto ao sacrifício para estar na seleção. Por esse senso de entrega chegou a ela, e também por causa dele irá à Copa (Divulgação/KNVB Media) |
Ficha técnica
Nome: Wout François Maria Weghorst
Posição: Atacante
Data e local de nascimento: 7 de agosto de 1992, em Borne
Clubes na carreira: RKSV NEO (2008 a 2010), DETO (2010 a 2011), Emmen (2012 a 2014), Heracles Almelo (2014 a 2016), AZ (2016 a 2018), Wolfsburg-ALE (2018 a 2022), Burnley-ING (2022) e Besiktas-TUR (desde 2022)
Desempenho na seleção: 15 jogos e 3 gols, desde 2018
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2022/23), Euro (2020+1)
Por muito tempo, Wout Weghorst ficou fora da seleção masculina da Holanda (Países Baixos). Também, pudera: Luuk de Jong era o nome preferencial da Laranja como atacante providencial para as bolas aéreas e "horas da pressão", quando a seleção precisava de gols - e de alguém na área para fazê-los. Restou a Weghorst se esforçar, nas temporadas recentes. Tal esforço já teve um reconhecimento inicial, com a convocação dele à Euro. E em que pese a queda de produção do torneio continental até agora, o atacante alto e experiente seguiu sempre a postos quando foi convocado. Às vezes, até mesmo fez gol. E novamente, seu "sacrifício" foi reconhecido, com a presença na primeira Copa do Mundo de sua carreira.
De certa forma, Weghorst já indicou esse talento para marcar gols em clubes desde que começou a jogar futebol. Ainda no RKSV NEO, clube amador da cidade natal em que se iniciou, foi o principal goleador do clube nas categorias de base. No segundo clube amador em que foi se formando, o DETO Twenterand, Weghorst não chegou a ser artilheiro, mas mostrou capacidade de finalização na área (e só nela, diga-se de passagem) suficiente para ser trazido ao Willem II, e lá terminar seu trajeto na base.
Porém, Weghorst não teve espaço no time de Tilburg. Sequer estreou pelo time principal na temporada passada lá (2011/12), ficando restrito à equipe B. Assim, sua carreira só começou para valer a partir da metade de 2012. E num passo bem modesto: o atacante tomou o caminho do Emmen, então ainda na segunda divisão da Holanda (Países Baixos). A atuação pelos Emmenaren teve lá seu êxito: oito gols, em 28 jogos, na temporada 2012/13 - começando por 21 de setembro de 2012, no clássico contra o BV Veendam (clube que já foi extinto, hoje em dia). Em 2013/14, sim, Weghorst teve atuação mais consistente: 11 gols em 34 jogos pelo Emmen. Já valeu para atrair atenção de um clube mais estabelecido na primeira divisão: o Heracles Almelo, que o trouxe na metade de 2014.
No Heracles Almelo, o lado goleador de Weghorst começou a aparecer (Peter Lous) |
Nos Heraclieden, Weghorst ainda teve inconstâncias na temporada 2014/15: começou mais no banco de reservas, e só marcou oito gols. Ainda assim, tomou a posição de titular na reta final daquele Campeonato Holandês para não largar mais. De quebra, pelo menos, teve uma única chance na seleção sub-21 da Holanda - e fez gol, ainda que num fracasso da Laranja Jovem (a queda contra Portugal, na repescagem das eliminatórias da Euro sub-21, ficando fora do torneio).
E finalmente, 2015/16 foi o ano em que o atacante embalou. Nem foram tantos gols assim pelo Heracles Almelo: 12, em 33 partidas do Campeonato Holandês. Ainda assim, Weghorst se mostrou mais capacitado para ajudar os pontas nas tabelas de ataque, fazer o popular "pivô" (ou seja, ajeitar a bola para a finalização dos jogadores vindos do meio-campo), além da finalização natural na área. De quebra, se tornou fundamental num excelente fim de temporada do time de Almelo: foram quatro gols nas últimas seis rodadas regulares da Eredivisie. O Heracles foi, então, disputar a repescagem por vaga na Liga Europa. E com dois gols na semifinal dessa repescagem, contra o Groningen, Weghorst teve grande importância para ajudar o time a ganhar a vaga no torneio europeu - primeira experiência da história do Heracles em torneios continentais.
Era hora do próximo passo. E poucos clubes poderiam ser melhores para isso do que o AZ, onde Weghorst chegou na metade de 2016. Em Alkmaar, novamente o mesmo caminho: uma primeira temporada mais discreta (13 gols em 29 jogos pela Eredivisie 2016/17), mas já mostrando alguma importância no time - que chegou à segunda fase da Liga Europa, e à final da Copa da Holanda -, novamente crescendo na reta final. Com o AZ disputando os play-offs por vaga na Liga Europa daquela vez, Weghorst se destacou, marcando contra o Groningen (dois gols na ida, um gol na volta) e contra o Utrecht, que levou a vaga (um gol na ida).
No AZ, Weghorst aprimorou seu estilo de jogo, passando a contribuir com as jogadas. E ficou ainda mais artilheiro (Dean Mouhtaropoulos/Getty Images) |
E também de novo, a segunda temporada seria "a boa". No AZ, Weghorst criou uma parceria muito entrosada com o iraniano Alireza Jahanbakhsh. Que deu frutos aos dois: Alireza foi goleador do Campeonato Holandês 2017/18 (23 gols), e Weghorst veio atrás, com 18 gols em 31 jogos. De quebra, além do auxílio aos atacantes nas jogadas, o próprio Weghorst ousou mais: deu seis passes para gol, e aprimorou um pouco sua capacidade no jogo aéreo. Tal desempenho, enfim, valeu para receber uma chance na seleção da Holanda - ou melhor, três: o atacante saiu do banco em três amistosos no começo de 2018 (contra a Inglaterra, em março, na estreia de Ronald Koeman treinando a Laranja; contra a Eslováquia, em maio; e contra a Itália, em junho). Valeu, principalmente, para outra boa chance na carreira: Weghorst tomou o caminho do Wolfsburg, logo após aquela temporada de sucesso.
No clube alemão, Weghorst nem precisou de adaptação, como em Heracles Almelo e AZ. O atacante não só foi titular dos Lobos na primeira temporada, como conseguiu ótima média de gols naquele Campeonato Alemão: 0,5 gol por partida (17 gols em 34 jogos). Mesmo já sem tanta frequência nas convocações da seleção, ainda teve uma chance, contra a Estônia, na última rodada das eliminatórias da Euro.
Veio 2019/20, e tanto antes da eclosão da pandemia quanto na retomada já sob ela, Weghorst seguiu justificando a confiança do Wolfsburg: 16 gols em 32 jogos, ajudando a levar o clube da Volkswagen às oitavas de final da Liga Europa. Finalmente, na temporada atual, 2020/21, viu-se o melhor do atacante nos Lobos, que garantiram vaga na Liga dos Campeões: 20 gols em 34 jogos, só abaixo de Robert Lewandowski, Erling Haaland e André Silva na tabela de goleadores do Campeonato Alemão. Desde Roy Makaay um "homem-gol" vindo da Holanda (Países Baixos) não se destacava tanto na Bundesliga - Weghorst foi o quinto neerlandês a alcançar 50 gols em sua passagem pela liga germânica.
Weghorst nem demorou para virar o homem-gol do Wolfsburg, nas últimas temporadas (DFL) |
Na seleção, por muito tempo Weghorst não passou das listas preliminares de convocados: Luuk de Jong, mais experiente, ganhava a preferência. Chegou a se dizer "decepcionado" pelo bom desempenho no Wolfsburg passar em branco nas chamadas. Mas o que era dele estava guardado: Frank de Boer opinou que o 2020/21 do atacante era "fantástico", e por fim o incluiu na convocação dos 26 jogadores para a Euro. Convocação tão almejada que, numa entrevista, Weghorst até foi às lágrimas ao comentar o fato, em entrevista.
O esforço foi além. De reserva, Weghorst foi testado como titular no último amistoso antes da Euro, contra a Geórgia. Marcou um gol na vitória por 2 a 0 - e tal desempenho foi suficiente para que ele fosse escalado como titular contra a Ucrânia, na estreia. Foi só? Nada disso: Weghorst marcou o segundo gol, na vitória por 3 a 2, comemorando com seu tradicional deslizar de joelhos no gramado, completado com "unhadas de gato". Ainda começaria como titular no jogo seguinte, contra a Áustria. Depois, com o mais técnico Donyell Malen agradando contra a Macedônia do Norte, ele foi para a reserva. Disputou os 24 minutos finais contra os norte-macedônios, mais os 17 restantes da eliminação para a República Tcheca (Tchéquia). Contudo, de algo sua participação na Euro já serviria. Até para o resto de sua carreira.
Weghorst quis muito ir à Euro. Conseguiu. E mesmo que tenha ido para a reserva no decorrer da campanha da Holanda, colaborou (Lukas Schulze/UEFA/Getty Images) |
Porque, mesmo com um desempenho modestíssimo na primeira metade da temporada 2021/22 pelo Wolfsburg (em 18 jogos, só seis gols, perdendo algumas boas chances), seu jeito de jogar já o fizera conhecido. O que possibilitou que, mesmo caindo de produção, ele ainda ficasse nas convocações da Holanda, jogando duas partidas pelas eliminatórias da Copa - contra Letônia e Gibraltar, vindo do banco em ambas. Mais do que isso: desejoso de atuar num clube da Premier League, Weghorst teve a chance para isso em janeiro passado, quando o Burnley o trouxe para que fosse um dos principais nomes a tentar evitar o rebaixamento na primeira divisão inglesa.
Bem, não deu certo. Na metade final da temporada 2021/22, Weghorst jogou como a principal referência ofensiva do Burnley, mas serviu mais como pivô (ajeitou a bola três vezes para gol) do que como o goleador que fora no Wolfsburg (só dois gols - um de cabeça, outro de pé direito). E o Burnley foi mesmo rebaixado na Premier League. Mais do que isso: com o clube precisando reduzir custos após a queda para a Championship, a principal contratação de janeiro virara um nome que precisava ser emprestado, em julho. Para ter espaço, Weghorst precisava de um clube para atuar. Achou-o no Besiktas: foi emprestado para o clube turco. É titular. Contudo, ainda não voltou a ter o desempenho esperado: até agora, só quatro gols pelos alvinegros, no Campeonato Turco.
A passagem pelo Burnley começou ruim. E com o rebaixamento na Inglaterra, Weghorst foi destinado a recuperar fôlego no Besiktas (Orange Pictures/BSR Agency/Getty Images) |
Ainda assim, se é reserva, Weghorst é um reserva costumeiro da seleção. Esteve em todas as convocações de Van Gaal no ano. E no único jogo em que começou como titular, aproveitou a chance: foi o autor do gol da vitória contra País de Gales (2 a 1), em junho, pela Liga das Nações. Retornou às chamadas para as duas últimas partidas pela Nations League, entrando aos 75' no 2 a 0 contra a Polônia.
E agora, está na Copa. Porque, mesmo sendo reserva, se há uma opção preferencial para quando a Holanda precisar da boa e velha "casquinha" de bola na área, é ele.
(Perry vd Leuvert/NESImages/DeFodi Images/Getty Images) |
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