sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Os holandeses na Copa: Koopmeiners

Há quase dois anos, Koopmeiners é considerado daqueles jogadores que, quando se tornar titular da seleção, não sairá mais. Ainda não é assim, mas ele será um meio-campo usado na Copa (Divulgação/KNVB Media)

Ficha técnica
Nome: Teun Koopmeiners
Posição: Meio-campista
Data e local de nascimento: 28 de fevereiro de 1998, em Amsterdã 
Clube na carreira: AZ (2017 a 2021) e Atalanta-ITA (desde 2021)  
Desempenho na seleção: 10 jogos e 1 gol, desde 2020
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2022/23), Euro (2020+1)

(Versão revista e ampliada do texto de apresentação para o guia deste blog na Euro 2020+1)

Há cerca de dois anos, Teun Koopmeiners recebe olhares cada vez mais otimistas de quem acompanha futebol na Holanda (Países Baixos). Liderança, talento nas bolas paradas, ótimos lançamentos: desde seu surgimento no AZ, Koopmeiners passa a impressão de ser um meio-campista que só melhora com o tempo, e que quando tiver chance real de tomar a titularidade na seleção masculina do país, assumirá a posição para não largar mais. Bem, isso ainda não aconteceu. Mas sendo titular absoluto e um dos destaques da Atalanta, recebendo cada vez mais chances na seleção, a presença entre os convocados para a Copa é natural. E certamente o meio-campo deverá ter algum tempo em campo, no Catar.

Koopmeiners simboliza o crescimento de qualidade nas categorias de base do AZ, mais do que qualquer um dos seus colegas de clube - estejam na seleção sub-21, como o atacante Calvin Stengs, ou na principal, como o lateral esquerdo Owen Wijndal. Nativo de Amsterdã, se iniciou no futebol no Vitesse '22, clube amador (nada a ver com o conhecido Vitesse de Arnhem), e chegou ao AZ em 2009. Em Alkmaar o futuro meio-campista faria toda a sua formação futebolística. Que daria frutos a partir de 2015, com sua chegada a uma seleção de base - no caso, a sub-17. Na temporada 2016/17, o fruto foi mais saboroso: com 19 partidas e dois gols marcados, Koopmeiners fez parte da campanha do título da Tweede Divisie (terceira divisão holandesa), dando ao time B do AZ o acesso à segunda divisão. De quebra, 2016 foi ano de se estabelecer na seleção sub-19, pela qual fez 13 partidas.

No começo da temporada 2017/18, Koopmeiners ainda se alternou entre o segundo e o primeiro times do AZ, fazendo sete jogos e um gol pelo Jong AZ na segunda divisão. Simultaneamente, já tivera sua primeira experiência na equipe de cima, vindo do banco para os últimos 24 minutos da goleada imposta pelo Feyenoord ao AZ, na 7ª rodada do Campeonato Holandês (4 a 0). Passaram-se poucas rodadas até a decisão do técnico John van den Brom: efetivá-lo em definitivo no time de cima. A partir da metade daquela temporada, o jovem de 19 anos já se consolidava como titular no meio-campo: jogando pela esquerda, já até fez um gol, além de auxiliar os Alkmaarders a chegarem à final da Copa da Holanda.

Na temporada 2018/19, Koopmeiners não só se estabeleceu definitivamente como titular do AZ, como também chegou para ocupar lugar e não perdê-lo mais na seleção sub-21 da Holanda, a partir da campanha nas eliminatórias da Euro da categoria. Em Alkmaar, foram 32 jogos pelo Campeonato Holandês, com oito gols marcados. Quantidade já notável. Ainda mais porque Koopmeiners jogou fora de sua posição preferida: a pedidos do técnico, sem zagueiro confiável o suficiente para dividir o miolo da defesa com o veterano Ron Vlaar, o meio-campista atuou recuado durante a maior parte da temporada. Mesmo cumprindo a tarefa tática, ficou desagradado pela preferência em jogar no meio-campo.

No AZ, o capitão Koopmeiners indicava o caminho a seguir - e assumia a responsabilidade nas bolas paradas (BSR Agency)

Pois o problema foi plenamente resolvido, em 2019/20. John van den Brom deixou o AZ, o auxiliar Arne Slot foi promovido para treinar a equipe de Alkmaar. Com a recuperação do grego Pantelis Hatzidiakos para dividir a zaga com Vlaar, enfim Koopmeiners pôde ser adiantado para voltar ao meio-campo. Mais: Arne Slot designou o jovem de 20-para-21 anos como capitão da equipe. E seu desempenho foi turbinado em campo. Se fez pouca diferença na campanha pela Liga Europa (até fez três gols, mas o AZ caiu na segunda fase), Koopmeiners foi um dos principais responsáveis pela excepcional trajetória dos Alkmaarders no Campeonato Holandês. Virou o principal cobrador de bolas paradas no AZ, deu qualidade à saída de bola, revelou-se mais goleador do que se esperava - foram 11 gols em 25 partidas -, nenhuma das jogadas do time passava sem tê-lo participando (97,9% de toques na bola). Enfim, Koopmeiners foi um dos símbolos de uma campanha em que o AZ prometia disputar o título holandês ponto a ponto com o Ajax... até a pandemia deixar todo o esporte em segundo plano.

Quando o futebol pôde retornar nos Países Baixos, Koopmeiners rapidamente retomou o nível exibido pré-pandemia. Na verdade, até melhorou. De meio-campista, o nativo de Amsterdã bem pôde ser considerado um "todocampista": voltou a ser improvisado na zaga às vezes, novamente foi o dínamo do meio-campo, sem deixar de auxiliar no ataque. Além do mais, Teun mostrou precisão nas bolas paradas, nos chutes de fora da área, nos pênaltis (bem, nestes, nem tanto - errou duas cobranças)... pelo Campeonato Holandês, 15 gols em 31 partidas, rendendo uma excelente média. Mesmo superando o AZ para ser vice-campeão, o PSV foi uma vítima que exemplificou o que Koopmeiners poderia fazer. Na vitória do time de Alkmaar em Eindhoven (3 a 1, 16ª rodada da Eredivisie), Koopmeiners fez belíssimo gol, completando escanteio de calcanhar. E quando o AZ venceu o PSV de novo - 2 a 0, na 27ª rodada -, o meio-campista deixou mais um nas redes, em chute de fora da área.

A capacidade técnica mostrada no AZ já fez de Koopmeiners merecedor de uma convocação para a seleção principal da Holanda, a primeira sob o comando de Frank de Boer, ainda em 2020. No primeiro jogo da Laranja sob novo técnico, o meio-campista teve grande chance: atuou os 90 minutos da derrota por 1 a 0 sobre o México. Ainda assim, sua importância maior era para a seleção sub-21: com três gols em sete jogos, Teun foi de novo um nome notável na campanha que levou de volta a Laranja Jovem à Euro da categoria.

As ótimas atuações no AZ levaram Koopmeiners a receber as primeiras chances na seleção da Holanda, a partir de 2020 (ANP/Maurice van Steen)

Na fase de grupos da Euro sub-21, já em 2021, Koopmeiners decepcionou um bocado: não foi tão ofensivo quanto se acostumara a ser nas eliminatórias. Até se mostrou lento: chegou a ser suspenso para a rodada final do grupo A, contra a Hungria, pelos cartões amarelos tomados. Pelo menos, a Holanda conseguiu compensar isso com a classificação ao mata-mata. E pelo menos, Koopmeiners convenceu Frank de Boer: pensando em "promover" alguns jogadores da Euro sub-21 para a Euro principal, o treinador da Holanda à época optou por ter no meio-campista um dos promovidos. Não jogou nenhum dos amistosos preparatórios para a Euro. Não jogou nenhum minuto na Euro (em algumas partidas, ficou fora até do banco de reservas). Mas já servia para indicar que Koopmeiners logo teria mais constância na seleção principal.

E já servia para indicar que logo o meio-campista iria para um campeonato mais visto no futebol mundial. Foi o que aconteceu: ele ainda fez dois jogos pelo AZ no Campeonato Holandês em 2021/22. Porém, logo acertou com a Atalanta-ITA. Saiu do clube de origem por cima: logo após uma vitória contra o Heerenveen (3 a 1), se despediu em lágrimas, confirmando a transferência à ESPN da Holanda (Países Baixos), na entrevista pré-jogo. A partir dali, ele precisaria tentar confirmar no time de Bérgamo o que já insinuava no AZ - onde alguém está para continuar a linhagem: Peer Koopmeiners, meio-campo como o irmão Teun, que já tem algumas presenças no time principal.


Em pouco tempo, Koopmeiners conseguiu. Rapidamente virou presença dominante e fundamental no meio-campo da Atalanta. Na temporada 2021/22, pelo Campeonato Italiano, foram 30 jogos, quatro gols e um passe para gol; pela Liga dos Campeões, mais cinco jogos. E o holandês foi considerado tão importante para a "Dea" quanto nomes que já estavam há mais tempo ali (só para citar o meio-campo, o compatriota Marten de Roon e Ruslan Malinovskyi). Pela seleção holandesa, ele fez seus dois primeiros jogos no restante de 2021, já sob o comando de Louis van Gaal, ambos pelas eliminatórias da Copa. Num deles, uma ótima memória: nos 6 a 1 sobre a Turquia, substituindo Frenkie de Jong, Koopmeiners entrou bem, manteve o meio-campo dinâmico, até deu passe para um gol (o quinto da goleada, de Guus Til). No outro, a lembrança foi ruim: quando entrou, aos 66', contra Montenegro, no lugar de Georginio Wijnaldum, acabou sendo um dos bodes expiatórios do empate em 2 a 2, na penúltima rodada, que trouxe algum temor de que a Laranja ficasse fora da Copa.

Koopmeiners foi para a Atalanta. E demorou pouco para virar nome fundamental na equipe italiana (Andrea Bruno Diodato/DeFodi Images/Getty Images)

Não ficou, como se sabe. E em 2022, a queda técnica de Wijnaldum no primeiro semestre (antes da fratura na tíbia que o tira da Copa) já aumentou as chances de Koopmeiners entre os titulares: ele começou jogando os dois amistosos de março, contra Dinamarca e Alemanha. Na Liga das Nações, dos seis jogos da fase de grupos, o meio-campo esteve em cinco. No primeiro como titular - o 2 a 1 contra País de Gales, na segunda rodada -, ele marcou o seu primeiro gol pela seleção da Holanda (Países Baixos). E só não começou mais partidas além das duas em que esteve entre os onze por causa de uma pancada na cabeça sofrida contra a Polônia, na penúltima rodada, que o fez ser substituído aos seis minutos de jogo. Pelo menos, na Atalanta, seu domínio do meio-campo é ainda maior. E mais destacado: até agora, são quatro gols e um passe para gol de Koopmeiners no Campeonato Italiano desta temporada 2022/23. 

Koopmeiners ainda não é titular absoluto da Holanda. Só que a impressão comum continua: quando ele se tornar isso, será para não sair mais. E é seu desejo, conforme entrevista à emissora de tevê a cabo Ziggo Sport, em setembro: "Se eu puder manter na Laranja a forma que tenho na Atalanta, serei uma boa opção. Há muita concorrência, vimos isso nas datas FIFA. Mas é claro que quero ir à Copa". Irá. Quem sabe ela marque o ponto decisivo dessa transição.

(Perry vd Leuvert/NESImages/DeFodi Images/Getty Images)


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