Ficha técnica
Nome: Remko Pasveer
Posição: Goleiro
Data e local de nascimento: 8 de novembro de 1983, em Enschede
Clubes na carreira: Twente (2003 a 2006), Heracles Almelo (2006 a 2014), Go Ahead Eagles (2008 a 2010, por empréstimo), PSV (2014 a 2017), Vitesse (2017 a 2021) e Ajax (desde 2021)
Desempenho na seleção: 2 jogos, desde 2022
Torneios pela seleção: nenhum
Remko Pasveer tinha uma carreira normal. Até um ano atrás, era um goleiro digno de jogar na primeira divisão do Campeonato Holandês, com bons momentos em Heracles Almelo e, principalmente, Vitesse - sem contar a passagem como reserva, no PSV. A partir de sua chegada ao Ajax, na metade de 2021, as circunstâncias o tornaram titular. E o já veterano arqueiro aproveitou a chance, atraiu cada vez mais confiança... até alcançar o que parecia impensável, para um veterano de 39 anos, mas é muito merecido: a convocação para ser um dos goleiros da Holanda na Copa. Muito provavelmente, como titular.
Exemplo para ser arqueiro, Pasveer já teve em casa: seu pai, Eddie Pasveer, também foi jogador da posição nos anos 1970 e 1980, tendo passagens por Twente e De Graafschap. Além do mais, ao encerrar a carreira, Eddie se tornou treinador de goleiros, trabalhando em Twente e Heracles Almelo, os dois clubes mais conhecidos da região de Enschede, onde a família fixou residência. Nascido em Enschede, com o histórico e as passagens do pai, nada mais lógico que Remko se iniciasse no futebol na cidade. Tanto nos primeiros passos, começando no amador SC Enschede, quanto no Twente, em cujas categorias de base o jovem iniciou a carreira para valer, até jogando algumas partidas do Campeonato Holandês entre 2003 e 2006, em caso de impossibilidade do titular Sander Boschker.
Nascido e crescido em Enschede, o Twente era o previsível destino de Pasveer no começo da carreira (Pro Shots) |
Ainda pelo Twente, Pasveer já viveria um grande momento nas seleções de base da Holanda (Países Baixos), em 2006: como reserva, faria parte do grupo campeão europeu sub-21 naquele ano. Entretanto, por muito tempo, seria sua única passagem por equipes nacionais neerlandesas. E em clubes, sua chance também demoraria. Nem mesmo mudar do Twente para o Heracles Almelo, ainda em 2006, impediu que ele continuasse no banco de reservas (agora, do alemão Martin Pieckenhagen).
Pasveer foi para o Heracles Almelo, precisou ser emprestado para ter ritmo de jogo, e só despontou de vez na carreira ao voltar para o clube de Almelo (VI Images/Getty Images) |
Somente em 2008 veio a mudança decisiva: o goleiro foi emprestado para o Go Ahead Eagles, então na segunda divisão. No clube de Deventer, sim, Pasveer ganhou a sequência desejada: titular nas temporadas 2008/09 e 2009/10. Nada que tenha sido marcante na história das Águias assim, mas quando ele foi, enfim, reintegrado ao Heracles Almelo, não haveria nada que impedisse Remko de, enfim, atuar na primeira divisão. Mais do que isso: ele já era titular absoluto do Heracles na primeira vez em que o clube chegou à final da Copa da Holanda, em 2011/12. Perdeu, é verdade. Mas era a prova de que, pelo menos para os padrões do futebol holandês, Pasveer se tratava de um goleiro confiável.
Tão confiável que, na metade de 2014, ele foi contratado pelo PSV. Já se sabia que ele chegava para voltar ao banco de reservas, sendo uma opção experiente a Jeroen Zoet, titular de então no gol dos Boeren. E assim foi. O que não quer dizer que Pasveer não teve suas aparições. Em primeiro lugar, ele era o goleiro reservado para as partidas da Copa da Holanda. Depois, já naquela temporada 2014/15, título holandês conquistado, o goleiro já experiente (eram 31-para-32 anos de idade então) atuou em duas das últimas rodadas da Eredivisie, além de ter feito três partidas pela Liga Europa. Em 2015/16, fez parte do grupo bicampeão nacional com o PSV. E em 2016/17, Pasveer atuou até mesmo pela Liga dos Campeões: por causa de uma lesão de Zoet, defendeu o gol do time de Eindhoven nos 2 a 1 sofridos para o Bayern de Munique, na fase de grupos. Mas seria só com a saída do PSV que o grande momento da carreira de Pasveer iria começar, por incrível que possa parecer.
O impulso tardou, mas não falhou: Pasveer rumou para a melhor fase da carreira a partir da transferência para o Vitesse (VI Images via Getty Images) |
Pasveer chegou ao Vitesse no meio de 2017, já prestes a fazer 34 anos. "Descendo" rumo a um clube médio dos Países Baixos, poderia parecer o começo do fim. E até houve um indicativo disso. Na temporada 2017/18, mesmo sendo titular na maior parte dela - tanto no Holandês quanto na Liga Europa -, Pasveer perdeu a titularidade para Jeroen Houwen nas últimas rodadas, após algumas falhas cometidas. E ele ficaria no banco de reservas durante a maior parte da temporada seguinte. Só voltou a ser titular na 28ª rodada da Eredivisie 2018/19, num empate contra o AZ (2 a 2). Era só o começo.
A partir dali, o goleiro ganharia um grande impulso. Na temporada 2019/20, voltou a mostrar suas melhores qualidades, aprimoradas: bom no posicionamento, ótimo nos reflexos, seguro e líder do grupo (exatamente nesta temporada, virou capitão do Vitesse). De quebra, ainda aprimorou a capacidade com a bola nos pés: seus tiros de meta ficaram tão precisos que dois deles viraram "passes" para gols do Vitesse. Bastou para que, em 2019, ele fosse eleito pela torcida do Vitesse o "Jogador do Ano" no clube. E em 2020/21, ninguém mais questionava o arqueiro: aos 37-para-38 anos, foram 33 das 34 partidas, sendo apontado como um dos mais seguros goleiros da Eredivisie. Ainda no fim da temporada, ele informava que não renovaria contrato com o Vitesse. A razão? Mais uma chance em time grande: a partir do meio de 2021, seria Pasveer o novo goleiro do Ajax.
Quis o destino que Pasveer, de terceiro goleiro, fosse colocado no olho do furacão, pelas circunstâncias. Afinal, até novembro de 2021, André Onana estava suspenso por doping. Outro veterano, Maarten Stekelenburg, seria titular, mas uma grave lesão lombar o tiraria de campo até o fim da temporada. Com a hesitação sobre a capacidade de Jay Gorter, o caminho estava aberto para Pasveer, pelo menos, receber uma chance em 2021/22. Jogou uma partida, se destacou, outra, não comprometeu... e na ótima fase de grupos que o Ajax fez na Liga dos Campeões, ele foi o primeiro goleiro a defender três chutes de Erling Braut Haaland, nos 4 a 0 Ajacied no Borussia Dortmund. Só uma fratura no polegar direito, sofrida no jogo de ida das oitavas de final da Champions League, contra o Benfica, frearia aquela ótima fase de Pasveer - "freio" amenizado com a boa sensação de mais um título holandês.
Pasveer se transferiu para o Ajax. As circunstâncias o tornaram titular, e ele aproveitou muito bem a chance (Maurice van Steen/ANP/Getty Images) |
Lesão curada, sem goleiros contratados, Pasveer voltou a ser titular do Ajax. E voltou a mostrar segurança. Tanta segurança que teve boas atuações até em derrotas do time de Amsterdã, como no 2 a 1 para o Liverpool, pela Liga dos Campeões atual, quando fez boas defesas. Bastou para merecer algo inesperado, até o começo do ano - mas até previsível, em novembro: a sua primeira convocação para a seleção holandesa, 16 anos depois da reserva naquele título da Euro sub-21.
Com Louis van Gaal querendo aproveitar os jogos da Liga das Nações para testes, Pasveer foi o goleiro escolhido para o penúltimo jogo da fase de grupos, contra a Polônia, fora de casa. Nem precisou fazer tantas defesas nos 2 a 0 da Laranja em Varsóvia, mas ainda assim causou boa impressão. A ponto de ter voltado a jogar na partida derradeira pela chave da Nations League - o 1 a 0 da Bélgica, em Amsterdã.
E a ponto de, em duas partidas, ter convencido Van Gaal do que faltava. Somadas às atuações no Ajax, elas foram suficientes para garantir Pasveer como um dos goleiros da Holanda na Copa. Prêmio para uma carreira consistente, que aos olhos de muitos, aparece (quase) aos 40...
(Dean Mouhtaropoulos/Getty Images) |
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