Desde a adolescência, Xavi Simons é apontado como o próximo grande talento ofensivo da Holanda. Embalou nos últimos tempos pré-Copa. E sua convocação é uma aposta completa (Divulgação/KNVB Media) |
Ficha técnica
Nome: Xavier "Xavi" Quentin Shay Simons
Posição: Meio-campo
Data e local de nascimento: 21 de abril de 2003, em Amsterdã
Clubes na carreira: Paris Saint-Germain-FRA (2021 a 2022) e PSV (desde 2022)
Desempenho na seleção: não jogou
Torneios pela seleção: nenhum
Se você que lê este texto for brasileiro e acompanhar futebol com muita atenção, há de se lembrar: antes da Copa de 2010, a grande exigência na convocação da Seleção Brasileira era que Dunga convocasse Paulo Henrique Ganso e Neymar, os dois mais vistosos símbolos de um Santos que vivia grande fase. Ambos são casos conhecidos de novatos, abaixo dos 20 anos, que são muito vinculados à seleção de seus países na época de um Mundial. Houve outros: Bismarck incluído no Brasil que foi à Copa de 1990, Theo Walcott convocado para a Inglaterra que jogou a Copa de 2006 (sem nenhuma partida pela seleção inglesa). Houve o exemplo máximo e inigualável em Mundiais: Pelé, estreando na Copa de 1958 para entrar na história.
Agora, a Holanda que vai à Copa no Catar tem um desses casos. O meio-campista Xavi Simons é apontado desde a adolescência como uma grande revelação técnica dos Países Baixos. Passou pela base de grandes clubes. Já assume certo protagonismo no PSV em que está. Os pedidos aumentaram. Habituado a trabalhar com jovens candidatos a revelação (e a lhes dar responsabilidades em campo), Louis van Gaal pagou para ver: a primeiríssima convocação de Xavi para a Laranja é justamente para ele disputar esta Copa do Mundo.
Nascido em Amsterdã, o garoto de 19 anos já é vinculado ao futebol no próprio nome - sim, Xavier Quentin Shay Simons ficou conhecido como "Xavi" por opção da mãe, para evocar o excelente meio-campo (e atual técnico) espanhol. De quebra, tem mais familiares envolvidos no futebol. O pai, Regilio Simons, foi jogador; o irmão, Faustino, três anos mais velho, também segue carreira dentro das quatro linhas. Só que seu caminho com a bola não começou nos Países Baixos. Foi a partir da mudança do pai e da família para Alicante, na Espanha, em 2008, que Xavi Simons começou a jogar. E sua evolução seria altamente precoce. Começando no mesmo ano da chegada às terras espanholas, no amador CD Tháder. E tendo a grande mudança em 2010: foi quando ele se transferiu para a base do Barcelona.
Ao longo dos nove anos que passou em Les Corts, centro de treinamentos do clube espanhol, Xavi foi aprimorando seu estilo de jogo. Gradativamente sendo escalado no meio-campo, ele começava a mostrar técnica na criação, e velocidade para chegar ao ataque. Tais características foram suficientes para que, ao longo da década, vários clubes sondassem o holandês para atrairem-no às suas categorias de base: só de grandes da Europa, Chelsea e Real Madrid cobiçaram o adolescente, por volta de 2015.
Simons nasceu na Holanda, mas só na Espanha - mais precisamente, no Barcelona - é que começou no futebol. E chamava atenção desde as categorias de base (Bagu Blanco/SPI/Shutterstock) |
Mas Xavi Simons seguiu no Barcelona. Virou um daqueles adolescentes que já causam furor antes mesmo de chegar a qualquer time principal. E aos 15 anos, já começou o caminho em seleções de base. Entre a Espanha que o acolhera e os Países Baixos que eram sua terra natal, a segunda opção foi a escolhida: o meio-campista chegou à seleção holandesa sub-15, em 2018. Mais um ano, e já estava na sub-16. E ainda em 2019, alcançou a equipe nacional neerlandesa sub-17.
No mesmo ano, por sinal, veio o grande salto. Com vários clubes em seu encalço, Simons (e seu estafe) colocaram algumas exigências para a renovação de contrato com o Barcelona. Com o clube catalão se mantendo irredutível, veio a abertura para outras propostas. E o Paris Saint-Germain aceitou trazer Xavi para seu time juvenil, onde terminaria a formação como jogador. E ampliaria suas aparições, de certa forma, aparecendo na campanha do PSG pela Liga Jovem da UEFA, em 2019/20. Enfim, em 10 de fevereiro de 2021, aconteceu o que muito se esperava: a promoção de Xavi Simons ao time principal, substituindo Julian Draxler para os 12 minutos finais da vitória por 1 a 0 contra o Caen, na segunda fase da Copa da França. Mais dois meses, e enfim, o garoto teria seu espaço fugaz pelo Campeonato Francês, substituindo Ander Herrera para os acréscimos da goleada no Strasbourg (4 a 1), pela antepenúltima rodada da Ligue 1.
O PSG deu a Xavi Simons suas primeiras aparições em times adultos (Marcio Machado/Eurasia Sport Images/Getty Images) |
2021/22 seria uma temporada com as turbulências até esperadas, numa carreira que mal começou. Pelo lado bom, Xavi Simons foi fixado definitivamente no grupo principal do PSG. Embora ainda tenha aparecido na Liga Jovem da UEFA, na qual a equipe francesa foi às oitavas de final com os juniores (com gols: quatro, em sete jogos), o meio-campo apareceu mais em outro título francês: foram seis jogos na campanha da Ligue 1, e um como titular (a vitória por 1 a 0 sobre o Rennes, na 24ª rodada). Pelo lado ruim, ficou a má lembrança de perder o pênalti decisivo na eliminação para o Nice, nas oitavas de final da Copa da França. Pior ainda foi protagonizar um fato daqueles que atraem desconfianças, logo na estreia pela seleção sub-19, em setembro do ano passado: dias após um amistoso contra a Itália, Simons esteve presente numa festa clandestina organizada por outros dois convocados, Ar'jany Martha (atacante do Ajax) e Mimeirhel Benita (lateral direito do Feyenoord). Descumprindo protocolos de prevenção contra a COVID-19, Simons foi cortado.
Assimilada a bronca, Xavi Simons teve uma grande compensação. Em junho de 2022, ouviu a proposta do PSV, para ali ter a sua grande chance num time principal. A princípio, se falou num empréstimo do Paris Saint-Germain (depois se revelaria que a cessão ao PSV foi com opção de recompra, em caso de interesse). Mas a preferência foi rumar, em definitivo, para Eindhoven: o jovem foi confirmado como uma das contratações mais badaladas da janela na Holanda. Teria um técnico motivado para trabalhar com jovens em Ruud van Nistelrooy. Os frutos do retorno ao país natal estão sendo colhidos já neste início de temporada. Pelo Campeonato Holandês, mesmo tão jovem, Xavi Simons já é um destaque do PSV: são oito gols e três passes para gol em 13 partidas. Na Liga Europa, com o time de Eindhoven classificado à segunda fase, mais utilidade: cinco atuações, um gol marcado, e pelo menos uma atuação marcante, na vitória sobre o Arsenal, quando foi o principal protagonista. As atuações fulgurantes nos Boeren também serviram para sua estreia na seleção sub-21 da Holanda, em setembro, num amistoso contra a Bélgica.
Serviram também para que o treinador Van Nistelrooy se derretesse pelo jovem que, mesmo evoluindo, ainda tem expressões adolescentes no rosto: "Ele é um jogador especial, quem vê nos treinos já sabe. Ele facilita as coisas: só no ataque ele pode jogar como armador, pode cair pelos lados, pode ser o 'falso 9'...". Serviram para aumentar os pedidos do público por essa novidade que, mesmo tão nova, já é tão conhecida - para ficar nas mídias sociais, tão importantes para novatos da atualidade no futebol, já são 4,2 milhões de seguidores em seu perfil oficial no Instagram.
Mais importante: o que Xavi Simons tem jogado serviu para que Louis van Gaal decidisse apostar nele indo à Copa. Um dos novatos mais badalados do mundo terá um desafio grande. Passo maior do que as pernas ou só mais um passo rumo ao status de craque? Só o tempo dirá. Até aqui, o garoto holandês dá razão para otimismo.
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